Organizadora da tentativa de golpe do 8 de Janeiro nega ser infiltrada da esquerda: ‘Um absurdo’

Ana Priscila Azevedo prestou depoimento à Câmara Legislativa do DF e argumentou que não sabia que estava cometendo crime ao participar dos protestos que destruíram as sedes dos Três Poderes

Ana Priscila Azevedo depõe na Câmara Legislativa do DF. Foto: Reprodução/TV Câmara Distrital

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A bolsonarista Ana Priscila Azevedo, apontada pela Polícia Federal (PF) como organizadora dos atos golpistas do 8 de Janeiro, disse que não sabia que estava cometendo crime ao participar da invasão ao Palácio do Planalto e negou a tese difundida por bolsonaristas de que ela seria uma infiltrada da esquerda no protesto. A declaração foi dada durante a CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, nesta quinta-feira 28.

“Confesso que não sabia que estava errando, e muito menos poderia imaginar que estava a praticar um crime. Jamais pensei que poderia ser proibida de falar”, afirmou a bolsonarista. Antes do 8 de Janeiro, ela publicou um vídeo em que anunciava que iria “colapsar o sistema” e “tomar o poder de assalto”. 

Presa desde janeiro – logo após a prisão, ela conseguiu fugir, mas foi capturada pela polícia -, Ana Priscila questionou o fato de não estar sob liberdade. “Alguns disseram até que eu seria infiltrada da esquerda, um absurdo. Nesse caso, porque ainda estou presa?”, perguntou aos parlamentares.

Acusada de ser “golpista” na sessão, ela respondeu dizendo ser uma “patriota”. Ela argumentou que acreditava que os “patriotas” seriam bem-vindos nos acampamentos montados em frente ao Quartel-General (QG) do Exército, em Brasília (DF), logo depois do resultado da eleição presidencial de 2022.

Sobre o tema, ela relatou ter presenciado o apoio de integrantes do Exército ao ajuntamento de bolsonaristas em frente ao quartel. “Tinham os homens do Exército, [que] ajudavam, incentivavam, tiravam fotos. [Generais] apareciam lá, filmavam. Todo dia aparecia um”, contou aos parlamentares.

Ela também confirma a falta de empenho dos militares para desmontar o acampamento, relatada por outros envolvidos naquela 8 de Janeiro. “Bastaria um soldado raso avisar que teríamos que sair e teríamos ido embora”, disse.


No depoimento, Ana Priscila também acusou a Polícia Militar do Distrito Federal de ter estado “inerte” durante a invasão à Praça dos Três Poderes. A declaração engrossa o motivador da prisão de integrantes da cúpula da PM do DF por omissão diante do terrorismo.

“O que eu vi no dia 8 foi uma polícia inerte. […] Não tinha contingente policial nenhum. As viaturas, os policiais, todos eles parados”, afirmou a suposta organizadora dos atos.

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