Política

Para bolsonaristas, até Fukuyama vira comunista

Um dos principais pensadores do neoliberalismo recebe enxurrada de comentários no Twitter após manifestar preocupação com eventual presidência de Bolsonaro

Para bolsonaristas, até Fukuyama vira comunista
Para bolsonaristas, até Fukuyama vira comunista
Preocupado com ascensão de Bolsonaro, Fukuyama foi 'acusado' de comunismo
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O filósofo norte-americano Francis Fukuyama ficou conhecido por proclamar que “a história acabou” após colapso da União Soviética, na virada dos anos 1980 para os 1990. Para ele, a partir de então, o mundo viveria uma era sem fim de paz neoliberal. Acreditou que esse momento estava apenas sendo adiado, mas chegaria.

A autorevisão só veio após a eleição de Donald Trump, em 2016. Em artigo no Financial Times, admitiu que a acachapante derrota de Hillary Clinton marcava um divisor de águas não só para a política estadunidense, mas para toda a ordem mundial. “Entramos em uma nova era de nacionalismo populista, na qual a ordem liberal dominante construída desde os anos 1950 está sob ataque de maiorias democráticas furiosas e enérgicas”, afirmou à época.

A mudança de rota de seu pensamento, no entanto, jamais o enquadraria ao “comunismo”, como decretaram apoiadores de Bolsonaro no Twitter do intelectual. Após compartilhar, no último dia 8, editorial do NY Times que trata da ameaça da eleição do capitão reformado para a democracia brasileira, recebeu uma enxurrada de comentários questionando seu posicionamento.

Nesta quarta-feira 10, Fukuyama recorreu novamente ao Twitter para se posicionar e foi irônico: “brasileiros estão dizendo que sou comunista por estar preocupado com com uma presidência de Bolsonaro. E eu que pensava que os americanos é que estavam polarizados.

A reação a este post veio mais de brasileiros envergonhados com os compatriotas que reagiram ao primeiro tuíte. “O Brasil virou um filme de David Linch”, disse um. Outro concordou que a política brasileira realmente se transformou numa loucura. 

Não foi a primeira vez que Fukuyama manifestou preocupação com a possível vitória de Bolsonaro. Em abril deste ano, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Fukuyama afirmou que o candidato do PSL é uma ameaça à democracia e que constitui sério risco para o sistema político e econômico que se difundiu no Ocidente.

 

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