Política

Para quase 40% dos agentes de segurança, atos do 8 de janeiro não atentam contra a democracia

Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra ainda que policiais concordam que houve demora para desmobilizar os acampamentos e que as forças de segurança estão contaminadas por discurso político

Foto: Evaristo Sá/AFP
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Pelo menos 40% dos agentes de segurança pública concordam total ou parcialmente com as pautas antidemocráticas defendidas por bolsonaristas que depredaram os prédios sedes dos Três Poderes, em Brasília, no último dia 8 de janeiro.

O levantamento foi feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que ouviu 6351 policiais militares, civis, federais, rodoviários federais, penais e guardas municipais entre os dias 24 e 27 de janeiro em todo o País.

Um dos quesitos da pesquisa indagava se o vandalismo praticado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinham motivação legítima. A afirmação teve concordância de cerca de 19% dos entrevistados e parcial de outros 20,5%.

Segundo a pesquisa do FBSP, 62,1% dos agentes concordam total ou parcialmente que os policiais que foram coniventes com a ação dos extremistas devem ser punidos; 17,3% discordam totalmente.

Desde 2020 a pesquisa vem demonstrando a existência de parcela pequena, mas significativa, dos profissionais de segurança pública a pautas antidemocráticas.

Para Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os dados revelam que, embora os profissionais da área tenham consciência dos impactos institucionais provocados pelos ataques, estas questões são vistas como meramente políticas/ideológicas ou como condutas individuais. “Infelizmente, o problema é sobretudo institucional e, para a manutenção da ordem democrática, exige que segurança seja pensada como um direito social coletivo que precisa ser assegurado e ampliado.”

O levantamento questiona ainda as falhas das autoridades na proteção dos prédios públicos. Para 75,7% dos profissionais, houve falha de planejamento do policiamento da Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.

Além disso, 62,9% entendem que forças de segurança pública estão contaminadas pelo discurso político partidário e que isso atrapalha suas atividades-fim.

Atividades politico-partidárias são vedadas para profissionais de segurança pública pelas leis brasileira.

A maioria ainda afirma que a conduta da Polícia Militar do DF foi correta durante a invasão e que as falhas estão relacionadas com o comando político da Capital.

Outros 61,7% também avaliam que o Exército demorou para colaborar com a dissolução do acampamento dos invasores em Brasília.

O estudo ainda aponta que a maioria dos entrevistados acredita que houve falhas de comando na operação de segurança do DF e que houve omissão por parte dos comandantes.

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