Política
PEC 55, que congela gastos sociais, é aprovada em 2º turno no Senado
Votaram a favor da medida 53 senadores, oito a menos que no primeiro turno. O texto deve ser promulgado por Renan Calheiros na quinta-feira 15
A PEC 55, que congela gastos sociais por 20 anos, foi aprovada em definitivo pelo Congresso nesta terça-feira 13 por 53 votos a 16, quatro votos a mais do que o necessário. O apoio à medida perdeu, porém, força no Senado entre a votação no primeiro e segundo turnos. O texto já foi aprovado na Câmara dos Deputados em dois turnos.
Na primeira deliberação no Senado, foram 61 votos favoráveis e 14 contra. O texto deve ser promulgado por Renan Calheiros, presidente da Casa, na quinta-feira 15. Por se tratar de uma emenda à Constituição, não há necessidade de sanção presidencial.
O quórum da votação em segundo turno foi inferior ao do primeiro, quando 75 senadores apreciaram a matéria. Na votação desta terça-feira 13, 69 parlamentares participaram da sessão, seis a menos do que em novembro. Em ambos os turnos, não houve abstenções.
Oito parlamentares que tinham votado sim no primeiro turno não apreciaram a matéria. Telmário Mota (PDT), que não tinha comparecido na primeira sessão, votou favoravelmente ao texto.
Apenas um parlamentar alterou seu voto: Dario Berger, do PMDB. ele havia votado favoravelmente à PEC no primeiro turno, mas mudou de posição na votação desta terça-feira 13.
Ausentes na primeira votação, Jorge Viana (PT) e Roberto Requião (PMDB) participaram da sessão desta terça-feira 13 e votaram não. Randolfe Rodrigues (Rede), que estava presente na primeira sessão, não compareceu.
Antes da aprovação do texto foram rejeitados os requerimentos de cancelamento, suspensão e transferência da sessão de votação por 46 votos contrários 13 favoráveis e duas abstenções.
A PEC 55, aprovada na Câmara dos Deputados com o nome de PEC 241, foi enviada ao Congresso pelo presidente Michel Temer no primeiro semestre.
O resultado mais importante da aprovação definitiva da proposta será uma redução significativa nos gastos com educação e saúde, os únicos da proposta que exigem uma mudança da Constituição. Haverá grande impacto sobre a parcela mais pobre da população e estímulo aos negócios privados nas duas áreas.
A decisão de congelar os gastos públicos ameaça, porém, o conjunto de políticas que permitiu a ascensão social de milhões de brasileiros ao longo dos últimos anos.
No estudo “O Novo Regime Fiscal e suas Implicações para a Política de Assistência Social no Brasil”, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) alerta para o possível desmantelamento de programas como Bolsa Família, Proteção Social Básica (PSB), Programa de Segurança Alimentar e Benefício de Prestação Continuada, previdência para cidadãos de baixa renda que não contribuíram na vida ativa.
De acordo com a pesquisa, esses programas consumiram 1,26% do PIB em 2015 e, com a aprovação da PEC do teto, o gasto encolheria para 0,7% do PIB em 20 anos. O estudo conclui, assim, que em 2036 a assistência social contaria com “menos da metade dos recursos necessários para manter a oferta de serviços nos padrões atuais”. Em termos absolutos, a perda acumulada do setor será de 868 bilhões de reais.
Na Saúde, a perda acumulada será de 654 bilhões de reais, em um cenário de crescimento do PIB de 2% ao ano, segundo uma nota técnica divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O conteúdo do documento irritou o presidente do Ipea, Ernesto Lozardo, que usou o site e os canais de comunicação da instituição para questionar publicamente o estudo, algo inédito na história do Ipea. Lozardo disse que as análises feitas “são de inteira responsabilidade dos autores”. A situação levou a pesquisadora Fabíola Sulpino Vieira, uma das autoras, a pedir exoneração.
Em relação à educação, consultores da Câmara estimaram em agosto que a área perderá 45 bilhões de reais até 2025 com o limite do aumento de gastos. O congelamento deve inviabilizar o cumprimento da meta de universalizar o atendimento das crianças e adolescentes até 2020, como prevê o Plano Nacional de Educação.
Veja como votaram os senadores nesta terça-feira 13:
| Nome | Estado | Voto |
| DEM | ||
| Davi Alcolumbre | AP | AUSENTE |
| José Agripino | RN | SIM |
| Ronaldo Caiado | GO | SIM |
| PCdoB | ||
| Vanessa Grazziotin | AM | NÃO |
| PDT | ||
| Lasier Martins | RS | SIM |
| Pastor Valadares | RO | SIM |
| Telmário Mota | RR | SIM |
| PMDB | ||
| Dário Berger | SC | NÃO |
| Edison Lobão | MA | SIM |
| Eduardo Braga | AM | SIM |
| Eunício Oliveira | CE | SIM |
| Garibaldi Alves Filho | RN | SIM |
| Hélio José | DF | SIM |
| Jader Barbalho | PA | AUSENTE |
| João Alberto Souza | MA | AUSENTE |
| José Maranhão | PB | SIM |
| Kátia Abreu | TO | NÃO |
| Marta Suplicy | SP | SIM |
| Raimundo Lira | PB | SIM |
| Renan Calheiros | AL | —– |
| Roberto Requião | PR | NÃO |
| Romero Jucá | RR | AUSENTE |
| Rose de Freitas | ES | SIM |
| Simone Tebet | MS | SIM |
| Valdir Raupp | RO | SIM |
| Waldemir Moka | MS | SIM |
| PP | ||
| Ana Amélia | RS | SIM |
| Benedito de Lira | AL | SIM |
| Ciro Nogueira | PI | SIM |
| Gladson Cameli | AC | SIM |
| Ivo Cassol | RO | SIM |
| Roberto Muniz | BA | SIM |
| Wilder Morais | GO | AUSENTE |
| PPS | ||
| Cristovam Buarque | DF | SIM |
| PRB | ||
| Marcelo Crivella | RJ | AUSENTE |
| PR | ||
| Cidinho Santos | MT | SIM |
| Magno Malta | ES | SIM |
| Vicentinho Alves | TO | SIM |
| Wellington Fagundes | MT | SIM |
| PSB | ||
| Antonio Carlos Valadares | SE | SIM |
| Fernando Bezerra Coelho | PE | SIM |
| João Capiberibe | AP | NÃO |
| Lídice da Mata | BA | NÃO |
| Lúcia Vânia | GO | SIM |
| Romário | RJ | AUSENTE |
| PSC | ||
| Eduardo Amorim | SE | SIM |
| Pedro Chaves | MS | SIM |
| Virginio de Carvalho | SE | AUSENTE |
| PSDB | ||
| Aécio Neves | MG | SIM |
| Aloysio Nunes Ferreira | SP | SIM |
| Antonio Anastasia | MG | SIM |
| Ataídes Oliveira | TO | SIM |
| Dalirio Beber | SC | SIM |
| Deca | PB | SIM |
| Flexa Ribeiro | PA | SIM |
| José Aníbal | SP | SIM |
| Paulo Bauer | SC | SIM |
| Pinto Itamaraty | MA | SIM |
| Ricardo Ferraço | ES | SIM |
| Tasso Jereissati | CE | SIM |
| PSD | ||
| José Medeiros | MT | SIM |
| Omar Aziz | AM | SIM |
| Otto Alencar | BA | SIM |
| Sérgio Petecão | AC | SIM |
| PTB | ||
| Armando Monteiro | PE | SIM |
| Elmano Férrer | PI | SIM |
| Zeze Perrella | MG | AUSENTE |
| PTC | ||
| Fernando Collor | AL | AUSENTE |
| PT | ||
| Ângela Portela | RR | NÃO |
| Fátima Bezerra | RN | NÃO |
| Gleisi Hoffmann | PR | NÃO |
| Humberto Costa | PE | NÃO |
| Jorge Viana | AC | NÃO |
| José Pimentel | CE | NÃO |
| Lindbergh Farias | RJ | NÃO |
| Paulo Paim | RS | NÃO |
| Paulo Rocha | PA | NÃO |
| Regina Sousa | PI | NÃO |
| PV | ||
| Alvaro Dias | PR | SIM |
| Rede | ||
| Randolfe Rodrigues | AP | AUSENTE |
| Sem Partido | ||
| Reguffe | DF | SIM |
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.



