Política

Pequenas e médias empresas poderão financiar salários de funcionários

Com pacote anunciado de 40 bilhões de reais, o governo ainda não tem data para começar a pagar valores aos trabalhadores

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
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O Banco Central, em conjunto com a Caixa Econômica Federal e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), anunciou nesta sexta-feira 27 um financiamento de R$ 40 bilhões para pequenas e médias empresas poderem pagar, por dois meses, os salários dos funcionários. O governo, no entanto, ainda não sabe a partir de quando as empresas poderão solicitar ajuda.

Segundo Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, a medida irá subsidiar até o limite de dois salários mínimos dos funcionários, e o dinheiro irá cair diretamente na conta do trabalhador – ou seja, sem o intermédio do patrão. A empresa que decidir participar do programa também não poderá demitir o funcionário pelos dois meses de duração da medida.

“Será uma disponibilização de linha de emergencial para pequenas e médias empresas, que faturam entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões por mês, e é voltada exclusivamente ao financiamento de folhas de pagamento”, explica Campos Neto.

Para Pedro Guimarães, da Caixa, a consolidação das regras para adesão ao financiamento deve vir em até duas semanas. Depois disso, no fim dos dois meses de financiamento, o pagamento da dívida por parte da empresa poderá começar a ser feito seis meses depois do fim da medida, diz Guimarães, com mais 36 meses para completar o pagamento e juros a 3,75%.

Porém, segundo projeções feitas pelo Ministério da Saúde, a crise do coronavírus tem um longo caminho para percorrer no Brasil ainda: há expectativa que o número de casos, que já passa de 3 mil, só caia a partir de julho, e que a estabilidade venha só entre agosto e setembro – muito além dos dois meses de financiamento propostos pelo governo, portanto.

Dos R$ 40 bilhões anunciados, o Tesouro Nacional irá custear 85% e os bancos privados, 15%. Falta, agora, a Caixa organizar a estrutura de pagamento do auxílio de R$ 600 aos autônomos, medida aprovada na Câmara na quinta-feira 27 e passada para a análise do Senado. A aprovação da renda mínima emergencial foi articulada pelos deputados em contraponto ao valor de R$ 200 reais anunciados por Paulo Guedes, ministro da Economia, anteriormente.

O presidente Jair Bolsonaro, que também participou da coletiva, falou rapidamente sobre outras mudanças feitas nas linhas de financiamento da Caixa. Uma delas será um crédito de R$ 5 bilhões, feito com juros a 10% ao ano, para disponível para as Santas Casas de saúde no País. Bolsonaro mencionou que tem uma “dívida de gratidão” com as instituições, já que foi atendido, depois do facada que levou em campanha eleitoral, na Santa Casa de Juiz de Fora.

No fim das apresentações dos pacotes, Bolsonaro saiu sem atender a imprensa.

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