Política

Perseguição e anistia: o discurso de Bolsonaro durante ato em São Paulo

O ex-presidente não citou nominalmente instâncias do Judiciário ou nomes como o do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes

Créditos: NELSON ALMEIDA / AFP
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou a seus apoiadores presentes na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo 25.

O discurso do ex-capitão foi marcado por teses de ‘perseguição’, pela negativa de que teria tentado promover um golpe de estado e por um pedido de anistia aos bolsonaristas condenados e presos pelos atos do 8 de janeiro, em Brasília.

“Estou muito orgulhoso e grato por terem aceito esse convite. Para termos uma fotografia para o mundo, uma imagem para o Brasil e para o mundo do que é a garra e a determinação do povo brasileiro”, iniciou.

“Mostramos, com essa fotografia, que nós até podemos ver um time de futebol sem torcida ser campeão, mas não conseguimos entender como existe um presidente sem o povo ao seu lado”, completou, em clara indireta ao presidente Lula (PT).

O ex-presidente Bolsonaro prosseguiu no discurso alegando ser vítima de perseguição, mas sem citar nominalmente instâncias do Judiciário ou nomes como o do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, relator dos principais inquéritos que investigam integrantes do bolsonarismo.

“Levo pancada desde antes das eleições de 2018. Passei quatro anos perseguidos como presidente e essa perseguição aumentou sua força quando deixei a presidência”, disse. “É joia, importunação de baleias, dinheiro que teria mandado para fora do Brasil, é tanta coisa que eles acabam trabalhando contra si”, disse, ao citar algumas das investigações que enfrenta.

O ex-presidente também voltou a negar que tenha atuado em prol de um golpe de estado, tema que o colocou recentemente na mira da Polícia Federal.

“Bolsonaro queria dar um golpe. O que é golpe? Golpe é tanque na rua, arma, conspiração, nada disso foi feito no Brasil”, alegou. O ex-presidente ainda negou que a minuta golpista encontrada pelos agentes da PF na sede do PL seja uma prova do arranjo golpista e defendeu que um possível estado de sítio ainda estaria em linha com a Constituição Federal.

“Querem entubar a todo nós um golpe usando um dispositivo da Constituição, cuja palavra final seria do Parlamento, estava em gestação”, disse.

“Teria muito a falar, tem gente que sabe o que eu falaria, mas o que eu busco é a pacificação, passar uma borracha no passado, uma maneira de vivermos em paz”, acrescentou.

O ex-presidente também aproveitou a manifestação para pedir anistia aos bolsonaristas condenados e presos pelos atos golpistas do 8 de janeiro, em Brasília.

“Anistia aos pobres coitados que estão presos em Brasília. Não queremos queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos”, disse, ao defender que o Congresso paute projetos com a temática. “Precisamos de um projeto de anistia para que seja feito justiça em nosso Brasil e quem, por ventura depredou o patrimônio, que pague”.


O advogado e professor de Direito Constitucional Pedro Serrano comenta as possíveis consequências do discurso realizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a seus apoiadores. Confira a análise no canal de CartaCapital no YouTube.

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