Oitavo maior produtor de petróleo do mundo, o Brasil pretende chegar à quarta posição e disputar o mercado petrolífero em pé de igualdade com a gigante Arábia Saudita. Para tanto, aposta todas as fichas na Margem Equatorial, área que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, onde estão localizadas cinco bacias sedimentares com alto potencial de conter o valioso “ouro negro”. O País também tem a ambição de ocupar papel de destaque na transição energética em nível global, favorecido pela iluminação solar e ventos abundantes durante todo o ano. O impasse reside na difícil escolha entre manter os investimentos em uma economia ainda baseada nos combustíveis fósseis ou concentrar, desde já, todos os esforços na geração de energias renováveis. Colocar os pés em duas canoas soa contraditório para os ambientalistas.
Há pouco mais de um ano, o Ibama negou uma licença à Petrobras para realização de pesquisas para investigar a existência de petróleo na bacia da Foz do Amazonas. Trata-se do bloco FZA-M-59, localizado a 160 quilômetros da costa do Amapá e a 500 quilômetros da Foz do Rio Amazonas. Da negativa para cá, o tema gerou uma queda de braço dentro do governo. A área ambiental coloca-se contra a exploração de petróleo não só pelos riscos de acidentes e impactos na região, mas também porque defende a descarbonização de combustíveis fósseis, condição basilar para se falar em transição energética. Na outra ponta, a Petrobras, o Ministério de Minas e Energia e o próprio presidente Lula enxergam na Margem Equatorial um novo pré-sal, capaz de gerar dividendos virtuosos e, inclusive, financiar o projeto de transição energética.
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