Política

Petistas rebatem Haddad: “Duro é o golpe, e não a palavra”

Em recente entrevista, o prefeito de São Paulo disse que “golpe é uma palavra um pouco dura” para falar de processo contra Dilma Rousseff

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Em entrevista a um trio de jornalistas do jornal O Estado de S.Paulo na quarta-feira 10, o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição Fernando Haddad (PT) disse que o termo golpe é “uma palavra um pouco dura” para falar sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff.

A declaração causou desconforto entre os parlamentares da legenda no Congresso. “Duro é o golpe, e não a palavra”, reagiu, de bate-pronto, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). “Desta vez, não há tanques nas ruas, nem por isso deixa de ser golpe”, afirma o parlamentar gaúcho, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

“A Constituição foi rasgada. Uma presidenta eleita pelo voto popular está sendo destituída sem cometer crime algum. Até mesmo as liberdades individuais estão ameaçadas, pois não tenho dúvida de que haverá forte repressão aos cidadãos que saírem às ruas para protestar contra a retirada de direitos trabalhistas e sociais, como pretende o ilegítimo governo Temer”, continua Pimenta.

Avaliação semelhante é feita pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP). “O próprio Haddad reconhece, nessa mesma entrevista, que houve ruptura da ordem constitucional. O que é isso, senão um golpe?”, indaga.

“É um golpe parlamentar, judicial e midiático, típico da nova geração de golpes que têm ocorrido na América Latina, basta ver o que aconteceu recentemente no Paraguai e em Honduras.”

O contexto da polêmica declaração

Haddad era o convidado de uma série de entrevistas feitas pelo Estado de S.Paulo com candidatos à Prefeitura de São Paulo. A questão foi levantada logo no início, quando uma das jornalistas questionou o prefeito se a “tese de golpe” seria usada na campanha. Haddad respondeu que usaria o programa eleitoral de rádio e TV para “discutir propostas sobre a cidade”, mas que não se esquivaria de dar sua opinião sobre assuntos nacionais em debates, por exemplo.

Um dos repórteres perguntou, então, se Haddad pretende convidar Dilma para a campanha e se o prefeito considera que a presidenta afastada pode ser uma “boa puxadora de votos”. O petista respondeu que achava injusta a colocação.

“É uma pessoa que está sofrendo um processo político, como os próprios senadores que votaram pela abertura do processo fizeram questão de dizer na tribuna. Trata-se de um projeto político penoso para a primeira mulher presidente”, disse o prefeito. “Acho um pouco desrespeitoso lidar com um drama desse pensando o que dá voto e o que não dá”, continuou.

Na sequência, a terceira repórter perguntou se Haddad considera “golpista” o presidente interino Michel Temer. O prefeito, então, afirmou que o que está acontecendo é um grande “casuísmo”.

“Se fosse levado a termo as contas dos governadores, nós teríamos dez ou 12 governadores que teriam que ser afastados do cargo pela mesma razão que a presidenta Dilma está sendo afastada. Então, não me parece de bom tom o que foi feito um vice se insurgir contra a cabeça de chapa”, disse o petista.

Quando os repórteres insistiram para que Haddad respondesse se concordava ou não com a tese do golpe, o prefeito respondeu que golpe lembrava ditadura.

“Quando você fala em golpe, é uma palavra um pouco dura que lembra a ditadura militar, que foi apoiada inclusive pelos meios de comunicação. Então o uso da palavra golpe lembra armas, lembra tanques na rua, lembra encarceramento injusto de pessoas que foram submetidas à tortura. Mas eu considero que o processo não está seguindo o rito previsto na Constituição”, disse o prefeito, abrindo espaço para os repórteres abordarem questões relativas a São Paulo.

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