PGR solicita inquérito ao STF para investigar declarações de Moro sobre Bolsonaro

O pedido aponta, entre outros, possíveis crimes de falsidade ideológica, prevaricação, obstrução de Justiça e corrupção passiva privilegiada

Foto: Roberto Jayme/ Ascom/TSE

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O procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira 24 a abertura de um inquérito para apurar os fatos narrados e as declarações feitas pelo então ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro. Entre as providências, o procurador-geral solicita ao Supremo que Sergio Moro seja ouvido em razão da abertura do inquérito.

O pedido aponta a eventual ocorrência dos crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra. “A dimensão dos episódios narrados revela a declaração de ministro de Estado de atos que revelariam a prática de ilícitos, imputando a sua prática ao presidente da República, o que, de outra sorte, poderia caracterizar igualmente o crime de denunciação caluniosa”, aponta o procurador-geral.

“Indica-se, como diligência inicial, a oitiva de Sergio Fernando Moro, a fim de que apresente manifestação detalhada sobre os termos do pronunciamento, com a exibição de documentação idônea que eventualmente possua acerca dos eventos em questão. Uma vez instaurado o inquérito, e na certeza da diligência policial para o não perecimento de elementos probatórios, o procurador-geral da República reserva-se para acompanhar o apuratório e, se for o caso, oferecer denúncia”, conclui Augusto Aras no pedido.

Em seu pronunciamento feito nesta sexta-feira, antes de deixar o cargo, o então ministro Sergio Moro afirmou que o presidente Bolsonaro queria interferir politicamente na Polícia Federal e colher informações, motivo pelo qual estaria desligando o diretor-geral Maurício Valeixo. “Falei para o presidente que seria uma interferência política, ele disse que seria mesmo”, justificou. Os filhos do capitão estão sendo investigados pela PF e o ex-ministro deixou claro que o presidente quer acompanhar de perto os processos.

“Ele (Bolsonaro) queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, colher informações e relatório de inteligência. Não é o papel da Policia Federal prestar esse tipo de informação ao presidente da República”, afirmou Moro.


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