Política
Políticos reagem à fala de Guedes sobre AI-5: “governo de covardes”
Políticos repudiaram a fala de Guedes, que é uma nova menção vinda do governo Bolsonaro em relação ao Ato Institucional 5, da ditadura
Após Paulo Guedes, ministro da Economia, afirmar que as pessoas não deveriam se assustar caso um novo AI-5 viesse com possíveis radicalizações de protestos, políticos se mobilizaram na manhã desta terça-feira 26 para repudiar a fala do ministro – a terceira do setor do governo que faz menção ao ato mais repressor da ditadura.
“Um governo de covardes”, escreveu o ex-candidato à Presidência, Fernando Haddad. Também reagiram a filosofa Marcia Tiburi e o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), que mencionou a proposta de Jair Bolsonaro em aprovar o excludente de ilicitude para forças armadas sob operações de Garantia de Lei e Ordem, uma medida para conter protestos no País. “O governo está com medo e apela à violência e ataques à democracia.”
Um governo de covardes, sob todos os aspectos.
'Não se assustem se alguém pedir o AI-5', diz Guedes https://t.co/twUNHIJbjH— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) November 26, 2019
Guedes fazendo uso do terrorismo psíquico ameaçando o país com AI-5. Assim ele disfarça sua incompetência para resolver os problemas da economia brasileira. Que fria o Brasil se meteu com esses ideólogos neoliberais.
— Marcia Tiburi (@marciatiburi) November 26, 2019
As ameaças do governo Bolsonaro de um novo AI-5 não são bravatas. O mais recente projeto de excludente de ilicitude enviado ao Congresso prevê que policiais que matarem em protestos não sejam punidos. O governo está com medo e apela à violência e ataques à democracia.
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) November 26, 2019
Pualo Guedes, que está em Washington D.C., nos Estados Unidos, afirmou que por conta dos discursos críticos ao governo vindo por parte ex-presidente Lula após ter deixado a prisão, era preciso praticar a democracia em relação aos adversários políticos. Logo depois, o ministro menciona o ato da ditadura.
“Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente? Levando o povo para a rua para quebrar tudo. Isso é estúpido, é burro, não está à altura da nossa tradição democrática”, afirma.
Lula também reagiu à fala sem mencionar diretamente Guedes. “Não fomos nós que elegemos um candidato que tem ojeriza à democracia”, escreveu.
Vamos deixar uma coisa clara: se existe um partido identificado com a democracia no Brasil é o Partido dos Trabalhadores. O PT nasceu lutando pela liberdade e governou democraticamente. Não fomos nós que elegemos um candidato que tem ojeriza à democracia.
— Lula (@LulaOficial) November 26, 2019
O governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) apontou uma “nova moda” em mencionar o AI-5. No mês anterior, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) disse que, caso as manifestações que ocorrem no Chile se replicassem no Brasil, o governo poderia pensar em um novo AI-5.
Na época, o General Heleno, que é Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, disse que Eduardo deveria “estudar como fazer, como conduzir” possíveis medidas de repressão à protestos no Brasil. Ele não criticou o deputado em sua fala, ao contrário do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que quem falasse em AI-5 estaria “sonhando”.
Para entender o que significa a nova moda de mencionar o “AI 5” a todo momento, sugiro o livro “Brasil Nunca Mais”, coordenado pelo cardeal Dom Paulo Evaristo Arns e outros líderes religiosos. E lembro que a Alemanha até hoje não admite a propaganda do nazismo. Um bom exemplo.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) November 26, 2019
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