Pseudônimo utilizando por Bolsonaro em exame é de adolescente que mora em Brasília

A família do rapaz de 16 anos disse ter se surpreendido ao ver o nome do filho em um exame que ele nunca fez

Presidente Jair Bolsonaro. Foto: AFP

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O presidente Jair Bolsonaro entregou nesta quarta-feira 13 seus exames de testagem do coronavírus para o STF. Neles, o capitão utilizou pseudônimos para não ser identificado. Em um dos resultados, o nome escolhido pelo presidente é, na verdade, de um adolescente de 16 anos que mora em Brasília.

Revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz ficou surpreso ao descobrir que seu nome constava nos exames apresentados. Seu pai, José Ferraz, dono de farmácia de manipulação, diz não ter ideia do motivo para que o nome do filho tenha sido usado pelo presidente.

Ele diz não conhecer Bolsonaro pessoalmente, e afirma que até gosta de algumas medidas (“Acho que diminuiu a corrupção”), mas acha que ele “fala muito”. O filho tem acesso ao Hospital da Força Aérea por causa da mãe, tenente-coronel Maria Amélia, mas José diz que ele não fez teste para o coronavírus.

Os laudos que foram apresentados nesta quarta-feira 13 pelo governo ao Supremo Tribunal Federal saíram em nome de “Airton Guedes”, “Rafael Augusto Alves da Costa Ferraz, e “paciente 05”. Todos os exames deram negativo para o coronavírus, SARS-CoV2.


Segundo ofícios anexados pela AGU no Supremo, foram utilizados nos laudos nomes de terceiros para preservação da imagem e privacidade do presidente da República e por questões de segurança. O CPF e a data de nascimento nos papéis, no entanto, são de Bolsonaro.

O presidente já havia falado sobre o resultado negativo dos exames, mas se recusava a entregá-los. A entrega só passou a ser exigida depois que o jornal O Estado de S. Paulo entrou na justiça pedindo acesso aos laudos. O processo foi marcado por algumas idas e vindas. O veículo chegou a receber decisões favoráveis, com a determinação de que o exame fosse entregue em 48 horas, mas o governo conseguiu reverter a ordem no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

Por fim, o jornal recorreu ao Supremo Tribunal federal. Na terça-feira 12, AGU decidiu entregar os laudos antes mesmo de uma decisão do ministro Lewandowski.

Os laudos dos exames têm data dos dias 12, 17 e 18 de março. Os dois primeiros exames foram processados por laboratórios privados e o terceiro pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

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