Política
Chapa Dilma-Temer comprou apoio do PDT por 4 milhões de reais, diz delator
Em depoimento à Justiça Eleitoral, ex-diretor da Odebrecht afirma que pagamento, via caixa 2, foi feito para “consolidar” apoio ao PT e ao PMDB
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2017/03/dilma-na-convencao-do-pdt-1.jpg)
Em depoimento à Justiça Eleitoral, o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis, um dos delatores da empreiteira na Operação Lava Jato, afirmou que a chapa Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) comprou o apoio do PDT para as eleições de 2014 com um pagamento de 4 milhões feito via caixa 2. As informações são da agência Reuters.
Fernando Reis prestou depoimento no âmbito da investigação feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a respeito de irregularidades na campanha de Dilma e Temer, em uma ação aberta em dezembro de 2014 pelo PSDB.
De acordo com a Reuters, o repasse de 4 milhões de reais tinha o objetivo de “consolidar” o apoio do PDT à chapa nas eleições presidenciais de 2014, e foi solicitado pelo então presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht.
A ordem de Odebrecht, afirmou Reis segundo a reportagem, era para que ele procurasse Alexandrino de Alencar, então executivo da empreiteira, para auxiliá-lo no contato com lideranças do PDT.
Segundo Reis, o acerto foi feito e os pagamentos, realizados em quatro parcelas de um milhão de reais cada, entre agosto e setembro de 2014. De acordo com o site Buzzfeed, que também publicou detalhes do depoimento de Reis, o acordo teria sido fechado com o então tesoureiro do PDT, Marcelo Panella.
O PDT oficializou seu apoio a Dilma em convenção nacional realizada em junho daquele ano.
Ainda segundo a Reuters, Alencar, que foi diretor de Relações Institucionais da Odebrecht e vice-presidente da Braskem (sociedade entre a empreiteira e a Petrobras), teria ficado responsável por negociar o apoio do PDT e de outras quatro legendas: PRB, Pros, PcdoB e PP, em troca de repasses financeiros.
Em nota enviada ao Blog da Cristiana Lôbo, no portal G1, o PDT afirmou que o fato de o partido ter anunciado apoio a Dilma antes das datas citadas por Reis comprova “que o anúncio aconteceu meses antes do suposto pagamento” e que “está clara a tentativa [por parte de Reis] de ganhar algum tipo de benefício contra seus crimes, inventando calúnias contra o PDT”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.