Quem é o empresário bolsonarista apontado pela PRF como líder de atos golpistas em Santa Catarina

Após o resultado das eleições, Emilio Dalçoquio foi filmado falando a um grupo de apoiadores do presidente em tom de revolta e inconformismo

Relação entre Dalçoquio e Bolsonaro é de longa data. Créditos: Reprodução

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A Polícia Rodoviária Federal indicou o nome do empresário bolsonarista Emilio Dalçoquio Neto como um dos líderes dos atos ilegais que fecharam rodovias no estado de Santa Catarina após o resultado das eleições. A indicação foi feita em um relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal, ao qual o G1 teve acesso.

No mesmo ofício, assinado pelo superintendente da PRF em Santa Catarina, André Saul Do Nascimento, outras 22 pessoas são citadas como “lideranças que atuam nesses movimentos, bem como [proprietários de] alguns veículos utilizados nos bloqueios”.

No dia 30 de outubro, mesmo dia em que as rodovias começaram a ser bloqueadas em todo o País, Dalçoquio foi filmado falando a um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, inconformados com o resultado das eleições.

“Vamos aguardar as próximas horas e já ver quem tem caminhoneiro, amigo do agronegócio, e já vai falando…por enquanto, pacificamente, por enquanto, agora vai ficar no coração de cada um aceitar o Brasil ser comunista ou não. Eu não aceito”, diz.

O empresário do setor de transportes em Santa Catarina ainda completa: “O que eu disse aqui tem que reverberar pelo país inteiro, como nós temos aqui 380 grupos, do Rio Grande do Norte, Belém a Uruguaiana”.

No último dia 7, o ministro Alexandre de Moraes determinou que as polícias civis e militares, bem como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, encaminhassem  informações sobre pessoas que participaram dos atos antidemocráticos nas rodovias, bem como dados de caminhões e veículos envolvidos.

 

Quem é Dalçoquio Neto

Emilio Dalçoquio Neto é um empresário aposentado de Santa Catarina que trava, juntamente com a família, uma disputa judicial em torno da transportadora catarinenense Dalçoquio.

A transportadora foi vendida pela família Dalçoquio ao empresário paulista Laércio Tomé, em uma negociação de R$ 20 milhões. A empresa está endividada e é alvo de disputas judiciais entre os próprios sócios e os Dalçoquio.

A transportadora presta serviços à BR Distribuidora que por sua vez é subsidiária da Petrobras responsável pela distribuição de combustíveis.

Em suas redes sociais, o empresário negou envolvimento com a organização dos atos antidemocráticos nas rodovias em Santa Catarina e alegou que as informações que o ligam ao caso ‘tentam denegrir a minha boa reputação de cidadão e empresário honrado, trabalhador, honesto e patriota’.

O empresário defendeu o seu direito de se expressar ‘de forma ordeira e pacífica, nos exatos limites da liberdade de expressão prevista na Constituição Federal’.

“Meu posicionamento político é conhecido e claramente definido e, assim, dentro da estrita legalidade, sempre me expressarei para apoiar e defender a democracia, o estado democrático de direito e as liberdades individuais e coletivas previstas na Constituição do Brasil. Reafirmo, assim, a quem interessar a verdade, que não financiei, liderei, apoiei ou apoiarei qualquer ato dirigido a excessos ou ilegalidades”, publicou.

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1 comentário

Alexandre Santos de Matos 13 de novembro de 2022 11h07
O fato de usar o termo denegrir já diz tudo sobre esse empresário. Golpista, fascista e racista!

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