Quem é Silvio Almeida, novo ministro dos Direitos Humanos de Lula

Seu livro ‘Racismo Estrutural’ é uma das maiores referências do debate racial no Brasil

Créditos: Alice Vergueiro

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O advogado, filósofo e escritor Silvio Almeida, anunciado nesta quinta-feira 22 por Lula (PT) como o novo ministro dos Direitos Humanos do Brasil, é considerado uma das principais referências nos debates raciais do País.

O paulista de 46 anos integrava a coordenação do grupo de trabalho na equipe de transição que discutiu o tema de direitos humanos. Durante esse período, ele foi um dos integrantes que recomendou que Lula revogasse as indicações feitas por Jair Bolsonaro para as comissões de Anistia e de Mortos e Desaparecidos.

Antes de integrar o grupo, Almeida ficou conhecido por seu trabalho no movimento negro, em especial com seu livro ‘Racismo Estrutural’, lançado em 2019. Antes, já havia publicado a obra ‘O direito no jovem Lukács: A filosofia do direito em ‘história e consciência de classe’.

Formado em direito pela Mackenzie, universidade em que se tornou professor permanente de Direito Político e Econômico, Almeida também passou pelos corredores da USP para fazer seu doutorado e pós-doutorado na área. No Brasil, o advogado também leciona na FGV. Na área acadêmica, o brasileiro também foi professor visitante nas universidades de Duke e Columbia, ambas nos Estados Unidos.

Atualmente, além de professor, ele também ocupa o posto de presidente do Instituto Luiz Gama e do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE).

Almeida terá pela frente uma das pastas mais atacadas pelo bolsonarismo. O atual governo, além de reduzir drasticamente o orçamento no setor, pôs em prática diversas políticas públicas responsáveis pelo aumento da violência e morte da população brasileira, em especial, as minorias. No mês passado, uma denúncia chegou a ser encaminhada à ONU como as políticas climáticas de Bolsonaro causaram uma série de prejuízos que colocam em risco a existência das gerações futuras de todo o mundo.


O ex-capitão, vale lembrar, também foi denunciado por crimes contra a humanidade durante a pandemia. É dele a afirmação de que ‘minorias devem se curvar para a maioria’. Em outra passagem da vida pública, Bolsonaro também chegou a usar a frase que ‘quem procurava ossos era cachorro’ em seu gabinete, uma referência aos familiares que buscavam respostas sobre desaparecidos na ditadura. As políticas armamentistas e carcerárias do ex-capitão, ligadas ao Ministério de Justiça e Segurança Pública – comandado por Flávio Dino -, também precisarão de diálogos com a pasta de Almeida.

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