Política
‘Quem quiser o poder que dispute eleições’: a explicação de Lula sobre não decretar GLO no 8 de Janeiro
Um decreto de Garantia da Lei e da Ordem daria às Forças Armadas a atribuição de poder de polícia até o restabelecimento da normalidade
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2023/12/000_34874M3.jpg)
O presidente Lula (PT) afirmou ter recebido a sugestão de editar um decreto de Garantia da Lei da Ordem durante os ataques golpistas de 8 de Janeiro, mas rechaçou prontamente a ideia. Tratava-se, segundo ele, de um problema a ser resolvido pela política, não pelos militares.
A GLO está prevista no artigo 142 da Constituição Federal, em casos nos quais se esgotam as forças tradicionais de segurança pública, como a Polícia Militar e a Polícia Civil, durante graves situações de perturbação da ordem.
Esse decreto concede às Forças Armadas a atribuição de poder de polícia até o restabelecimento da normalidade.
A primeira operação de GLO ocorreu em junho de 1992, no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO-92.
“Nas conversas que eu tive com o ministro Flávio Dino [da Justiça], e foram muitas conversas, dentre várias coisas que ele me falou, ele aventou que uma das possibilidades era fazer GLO”, disse Lula em gravação de vídeo após uma pergunta do jornal Folha de S.Paulo. “E eu disse ao ministro Flávio Dino que não teria GLO. Eu não faria GLO porque quem quiser o poder que dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições.”
“Por que eu, com oito dias de governo, iria dar para outras pessoas o poder de resolver uma crise que eu achava que tinha que resolver na política? E foi resolvida na política.”
Em vez da GLO, Lula decidiu decretar até o fim de janeiro passado uma intervenção na segurança pública do Distrito Federal. O escolhido para liderar a empreitada foi o secretário-executivo do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Cappelli.
“A resposta que as instituições deram foram muito importantes, com a intervenção decretada pelo presidente Lula, aquele ato que aconteceu no dia seguinte, unindo governadores, magistrados e ministros com o presidente, além da resposta firme e enérgica que o Supremo Tribunal Federal deu e tem dado”, disse Cappelli em entrevista a CartaCapital na sexta-feira 5.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.
Leia também
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2021/06/50997698753_40a774589d_k-1-300x180.jpg)
Bolsonaro poderia ter evitado o ‘mal maior’ no 8 de Janeiro, diz Pacheco
Por Wendal Carmo![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2023/10/000_33ZA6JC-300x200.jpg)
Lula fala em ‘pacto’ entre Bolsonaro, Ibaneis e polícias nos ataques antes de 8 de Janeiro
Por CartaCapital![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2023/03/52509977301_8bd9b4af2d_k-300x200.jpg)
Exército aplica leve punição a 2 oficiais por envolvimento no 8 de Janeiro
Por Wendal Carmo![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2024/01/Cappelli-300x173.jpg)