O senador Renan Calheiros (MDB-AL) deve apresentar nesta sexta-feira 18 uma lista com 10 nomes que vão passar da condição de testemunha para a de investigado pela CPI da Covid. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
Calheiros é o relator da Comissão de Inquérito que investiga as ações e omissões do governo federal na pandemia e já indicou que deve incluir o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na lista. Além do atual chefe da pasta, o ex-mandatário Eduardo Pazuello também deve figurar entre os 10 nomes.
Ex-integrantes do alto escalão do governo são outros nomes que podem aparecer: Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores; Élcio Franco, ex-secretário-executivo da Saúde; e Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência.
Com a mudança da condição dos citados, o relator poderá pedir o indiciamento no seu relatório final, que será votado pela CPI. O novo status garante ao investigado transparência para elaborar sua defesa.
Acusações
Queiroga passará oficialmente a ser investigado pela insistência na compra da vacina Covaxin, desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. O imunizante não teve o aval da Anvisa na ocasião, ainda assim, sua compra foi mantida. O valor por dose também é alvo da investigação, bem como um favorecimento do governo federal à empresa Precisa Medicamentos, representante da Bharat Biotech no Brasil.
Outra acusação que pesa sobre o atual ministro é a sua intensa participação na defesa do chamado ‘tratamento precoce’, comprovadamente ineficaz contra a Covid-19. Documentos obtidos pela CPI mostram que Queiroga defendeu na Organização Mundial da Saúde (OMS) o diálogo com os defensores do medicamento.
Já Pazuello poderá ser indiciado por prevaricação e crimes de responsabilidade. A omissão e o atraso na atuação para conter o colapso hospital em Manaus são os principais alvos da investigação. O mesmo pesa sobre seu ex-secretário Élcio Franco.
Ernesto Araújo também poderá responder por sua atuação na crise sanitária no Amazonas, quando ignorou ofertas de cilindros de oxigênio vindas da Venezuela. O ex-ministro também pode ser indiciado pelos problemas diplomáticos com a China. Declarações extremistas feitas por Araújo atrasaram a compra de vacinas e insumos para produção do imunizante.
Wajngarten, por sua vez, deverá passar à condição de investigado por suspeitas em relação à contratação de agências de publicidade para financiar sites que propagam notícias falsas e tratamentos sem eficácia para o tratamento da Covid-19. Ele também é suspeito de promover desvios de verbas de combate à pandemia para promover ações do governo federal.
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