Renan Filho defende política fiscal proposta por Haddad e critica ‘austericídio’

O ministro dos Transportes aponta responsabilidade dos Três Poderes da República para cumprimento da meta do déficit zero

O ministro dos Transportes, Renan Filho. Foto: Marcio Ferreira/MT

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O ministro dos Transportes, Renan Filho, defendeu, em entrevista à Folha divulgada nesta quarta-feira 31, as políticas fiscais e econômicas propostas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Responsável pela Pasta voltada para investimentos, Renan Filho apontou a necessidade de se combinar investimento com sustentabilidade fiscal.

“A minha posição pessoal é que, para o Brasil, o melhor é investir o máximo possível dentro do ambiente da sustentação fiscal proposto pelo ministro Haddad”, afirmou.

Ainda que tenha passado a percepção há alguns meses que defenderia uma proposta que visasse a alteração de meta fiscal, o ministro afirmou não acreditar que o investimento feito de forma desmedida ajudaria no crescimento da economia.

“Não acredito que investir mais do que o país pode investir com sustentabilidade fiscal vá resolver o problema da economia”, disso.

O ministro ainda pontua que, apesar da responsabilidade final sobre o cumprimento da meta fiscal ser da Fazenda, todos os demais ministérios e Poderes devem perseguir o mesmo objetivo.


“Haddad está certo em trabalhar para cumprir a meta. Em uma república democrática, com três Poderes, que devem trabalhar harmonicamente e independentemente, todos têm esse papel”, afirma.

Para ele, ainda que não se consiga alcançar o déficit zero, uma redução da dívida pública já é uma “sinalização importante”.

“Não defendo a mudança da meta. O Brasil deveria manter e perseguir. Não cumprir a meta, perseguindo a meta, tem uma relevância importante. Se a gente perseguir a meta, e o déficit não puder ser zero, mas se for decrescente em relação a 2023, será uma sinalização importante”, disse.

Renan Filho ainda criticou o apelido dado pelo PT para a política fiscal do governo petista, de “austericídio”, que é um neologismo que combina austeridade fiscal com suicídio eleitoral nas urnas.

“O PT é injusto em chamar de austericídio. E o mercado também era injusto ao dizer que Haddad faria uma política econômica não sustentável. Os dois no extremo e o Haddad no centro, fazendo na economia o que precisa, independente de dogmas. Por isso, o trabalho dele está sendo bem-sucedido”, afirmou.

Sobre o futuro, o ministro prevê uma queda da taxa básica de juros até 2025 ainda maior do que a expectativa do mercado financeiro.

“O primeiro ano do governo foi o mais desafiador. Foi preciso ancorar as expectativas do mercado, que fazia beicinho para Haddad. Como se diz lá no Nordeste, “entronchava” a boca. Haddad ancorou as expectativas”, disse.

“Agora, se a gente ganhar o segundo ano, aí contratamos crescimento no terceiro e no quarto ano. Vamos ter derrubado a taxa de juros de 14% para 9% em dois anos e, em dezembro, com a meta perseguida, inflação dentro do intervalo, garantir que, no em 2025, caia mais 2 pontos, 2,5 pontos”, concluiu.

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