Rubinho Nunes suspende tramitação do PL que dificulta doação de alimentos em SP

Político teria ficado incomodado com a repercussão do texto, que prevê multa para quem doar alimentos sem autorização; o prefeito Ricardo Nunes (MDB) já havia afirmado que vetaria o PL

Vereador Rubinho Nunes (União-SP); Fotos: Lucas Bassi / Rede Câmara

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O vereador paulistano Rubinho Nunes (União Brasil) suspendeu, na tarde desta sexta-feira 28, a tramitação do projeto que dificultava a doação de alimentos para pessoas em situação de rua e previa multa para doadores que descumprissem normas propostas.

Em nota publicada nas redes sociais, Rubinho afirmou que após a repercussão do PL 445/23 ele optou por suspender imediatamente a tramitação do projeto e buscar o diálogo com a sociedade e ONGS antes devolver o texto para análise da Câmara dos Deputados.

“Desde o início, o objetivo da proposta é ampliar a distribuição alimentar, otimizar as doações, evitar desperdício e, principalmente, acolher as pessoas em situação de rua e vulnerabilidade”, alegou o político na publicação.

“Considerando a repercussão do PL 445/23 […] informo que o projeto terá sua tramitação imediatamente suspensa. A suspensão tem por objetivo ampliar o diálogo com a sociedade civil, ONG’s e demais associações e buscar o aperfeiçoamento do texto para que a finalidade do projeto seja atendida”, informou, em seguida.

Segundo o projeto de lei, organizações não-governamentais e cidadãos que desejassem doar alimentos deveriam pedir autorização prévia e manter um cadastro atualizado na prefeitura. O texto também obrigava o oferecimento de tendas, mesas e cadeiras, além da limpeza das áreas de entrega da comida, antes e depois da distribuição.

Para casos de infração, o projeto propunha advertência e multa superior a 17 mil reais para aqueles que descumprissem a nova legislação. Em caso de reincidência, além da multa, a ONG ou a pessoa física seria descredenciada por três anos.


Mais cedo nesta sexta-feira, o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) afirmou que vetaria o PL caso o texto fosse aprovado na Câmara Municipal de São Paulo.  Ao tratar do projeto, Nunes destacou que “temos é que fazer com que as pessoas que nos auxiliam nessa questão da segurança alimentar tenham apoio”.

O caso também foi parar no âmbito judicial. A ativista social Amanda Paschoal acionou o Ministério Público de São Paulo, a Defensoria Pública do estado e o Conselho Nacional de Direitos Humanos contra um projeto lei. Ao MP, a ativista solicita a abertura de um inquérito civil para acompanhar o avanço da proposta e garantir a realização de audiências públicas.

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