Política

Sem citar Lula, Ciro confirma apoio ao petista no 2º turno contra Bolsonaro

‘Ao contrário da campanha violenta da qual fui vítima, nunca me ausentei ou ausentarei da luta pelo Brasil’, declarou o pedetista

O ex-presidenciável Ciro Gomes. Foto: Stephan Eilert/AFP
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O ex-presidenciável Ciro Gomes confirmou nesta terça-feira 4 que apoiará Lula (PT) no segundo turno da eleição nacional, a ser disputado contra Jair Bolsonaro (PL) em 30 de outubro. Pouco antes, o PDT, partido de Ciro, já havia comunicado seu endosso ao petista, após reunião da Executiva Nacional.

“Gravo este vídeo para dizer que acompanho a decisão do PDT. Frente às circunstâncias, é a última saída. Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado a tal ponto que restem aos brasileiros duas opções, ao meu ver, insatisfatórias”, disse Ciro em um vídeo publicado nas redes sociais.

Ele ainda afirmou “não acreditar que a democracia esteja em risco neste embate eleitoral, mas em seu absoluto fracasso de construir um ambiente de oportunidades, que enfrente a mais massiva crise social e econômica, que humilha a esmagadora maioria do nosso povo”.

“Ao contrário da campanha violenta da qual fui vítima, nunca me ausentei ou ausentarei da luta pelo Brasil”, prosseguiu Ciro. “Espero que essa decisão ajude a oxigenar, temporariamente que seja, a nossa democracia. Mas, se não houver uma busca efetiva de novos ares e instrumentos, estaremos à mercê de um respirador artificial frágil e precário.”

Ciro acrescentou que “fiscalizará, acompanhará e denunciará “qualquer desvio do governo que assumirá em janeiro” e que não aceitará qualquer cargo no governo.

Mais cedo, em entrevista coletiva, o presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou que a decisão da Executiva Nacional foi unânime.

“Apoiaremos o mais próximo da gente, que é a candidatura do Lula. Eu chamo de 12 + 1”, declarou o presidente pedetista a a jornalistas.

No primeiro turno, Lula obteve 48,4% dos votos válidos, ante 43,2% de Bolsonaro. Ciro terminou na quarta posição, com 3%, atrás também de Simone Tebet (MDB), que recebeu 4,1%.

Logo após a primeira votação, em contato com a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, Lupi sugeriu que o partido de Lula incorporasse três propostas de Ciro: um programa para zerar dívidas do SPC, um plano de renda mínima e um projeto de educação em tempo integral.

Segundo Lupi, outra proposta será levada ao PT: o Código Brasileiro do Trabalho, a fim de contemplar, por exemplo, direitos dos entregadores de aplicativos.

Antes mesmo de formalizada a aliança com Lula no segundo turno, Lupi já afirmava considerar “muito difícil” Ciro não acompanhar a orientação de seu partido.

Ainda no domingo 2, logo após o Tribunal Superior Eleitoral confirmar a realização de um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, Ciro convocou um pronunciamento para agradecer a seus eleitores e pedir “mais algumas horas” para dialogar com amigos e com o PDT, “para que a gente possa achar o melhor caminho, o melhor equilíbrio para bem servir a Nação brasileira”.

As últimas semanas da campanha de Ciro foram marcadas por uma intensificação nos ataques a Lula e ao PT e pelo discurso contra o chamado voto útil. Às vésperas do primeiro turno, Ciro chegou a lançar um “manifesto” para reafirmar sua candidatura diante do que viu como uma “campanha de intimidação, mentiras e de operações de destruição de imagens”.

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