Em votação-relâmpago, Senado aprova urgência para PL que acaba com saídas temporárias de presos

Com a decisão, a matéria pode seguir direto para a votação no plenário, sem ter de passar por mais comissões

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Apoie Siga-nos no

O plenário do Senado aprovou na tarde desta quarta-feira 7 um requerimento de urgência para o projeto de lei que extingue o benefício da saída temporária de presos. Com isso, a matéria pode seguir direto para votação no plenário, sem ter de passar por mais comissões.

A votação foi simbólica – ou seja, sem contagem individual – e durou menos de 50 segundos.

A proposta revoga o artigo 122 da Lei de Execução Penal. Conforme a legislação em vigor, o benefício vale para condenados que cumprem pena em regime semiaberto. Eles podem sair até cinco vezes ao ano, sem vigilância direta, para visitar a família, estudar fora da cadeia ou participar de atividades que contribuam com a ressocialização.

A Comissão de Segurança Pública aprovou o projeto na terça-feira 6. O relator, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), acolheu uma emenda de Sergio Moro (União-PR), que defendeu a manutenção do benefício para presos inscritos em cursos profissionalizantes ou nos ensinos médio e superior.

O Ministério Público Federal afirmou ver com preocupação o avanço do projeto de lei, segundo um parecer do Grupo de Trabalho de Defesa da Cidadania.

Para o órgão, a proposta é “flagrantemente inconstitucional” e atinge uma medida “importante para garantir a ressocialização dos encarcerados, fortalecendo os vínculos familiares e contribuindo para o processo de reintegração social da pessoa em privação de liberdade”.


A nota ainda criticou os discursos que associam as saídas temporárias ao aumento da criminalidade e sustentou que essas alegações ignoram a relevância do mecanismo para o sistema de progressão de regime, necessário para a reintegração social.

“Assim, em vez de buscar retrocessos, entendemos que o debate e as iniciativas em torno do sistema prisional seriam mais proveitosos se pautados pelos reais problemas que enfrentamos em todo o País, onde as prisões se encontram em um ‘estado de coisas inconstitucional’ como apontou o Superior Tribunal Federal por ocasião do julgamento da ADPF 347″, escreveu o MPF.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.