O senador Angelo Coronel (PSD-BA) expôs insatisfações do seu partido em relação à atual representação no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e reivindicou trocas e novos cargos.
Em entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube, nesta sexta-feira 4, o parlamentar disse que Lula deveria incluir na reforma ministerial a revisão dos indicados do PSD e o acolhimento de “mais colocações”.
Coronel sugeriu ainda que Lula considere o nome do senador Otto Alencar (PSD-BA) para chefiar o Ministério da Saúde, hoje sob o comando de Nísia Trindade, ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz.
Líder do PSD no Senado, Alencar é médico e teve atuação destacada na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Covid-19. Hoje, o senador é relator do projeto que trata do “voto de qualidade” no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, uma das prioridades do Ministério da Fazenda no Congresso.
Atualmente, o PSD tem três ministros: Alexandre Silveira, de Minas e Energia; Carlos Fávaro, da Agricultura; e André de Paula, da Pesca e Aquicultura. O senador não mencionou qual dos ministros deveria ser trocado, mas fez críticas à representação que o partido obtém no governo.
“[Lula] Tem que ouvir se esses três ministros indicados pelo nosso partido estão realmente afinados com o partido e, evidente, com o governo”, declarou. “Muitas vezes, um partido indica um ministro e chega lá, parece que sobe para a cabeça. “Esse ministro esquece até de que ele tem um suporte de cada base que fez ele ministro.”
“Engrossa o pescoço, a vaidade extrapola. Eu vejo muitos ministros onde a vaidade aflorou demais. Esses ministros têm que baixar a bola para poder começar a ouvir”, disse Angelo Coronel.
O senador afirmou ainda que “há um distanciamento de grande parte dos ministros ao sentar na cadeira” e que os indicados se esquecem do aval que recebem das bancadas para estarem em seus postos.
“Simplesmente age como se fosse ministro de si próprio”, disse, sem especificar a quem se referia.
Coronel propôs que interlocutores de Lula ouçam as bancadas dos partidos no Congresso e até consultem os parlamentares individualmente para checar a avaliação de cada legenda sobre a representação no governo.
“O PSD, o meu partido, que tem três ministérios, nós não estamos totalmente satisfeitos”, declarou o parlamentar.
“Eu acredito que o partido, como está votando hoje com Lula, são 16 senadores, quase unanimidade, nós precisamos ter mais colocações no governo. Porque nosso partido é grande”, afirmou.
Reforçando o nome de Alencar para a Saúde, Coronel defendeu que a Bahia seja contemplada com “mais um ministério de primeira linha”, porque Lula obteve votação expressiva no estado na eleição de 2022.
Neste momento, o governo tem como representantes dos baianos o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), e a ministra da Cultura, Margareth Menezes, que não pertence a nenhum partido.
“O Ministério da Saúde está hoje com uma técnica, mas nós temos, por exemplo, o senador Otto Alencar. Já foi governador, vice-governador, é médico e formação, teve papel fundamental na CPI de combate à Covid. Acho que ele poderia ser um novo ministro para compor a Esplanada do presidente Lula”, afirmou Coronel.
Segundo o senador, Otto Alencar é “unanimidade” dentro do PSD. Caso Lula não possa ceder mais cargos para o partido no governo, Coronel defende ao menos um “remanejamento”.
“Se o presidente Lula não tiver a oportunidade de abrir mais um espaço para o PSD, eu sou favorável a fazer algum remanejamento de pasta e colocar o Otto Alencar na Saúde”, afirmou.
Confira a entrevista na íntegra:
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login