Senadores da CPI da Covid questionaram nesta quinta-feira 23 o diretor institucional da Precisa Medicamentos, Danilo Trento, sobre os detalhes de uma viagem a Las Vegas, nos Estados Unidos, em 2020. Membros da comissão suspeitam de que um senador, possivelmente Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), acompanhou o empresário.
Trento obteve no Supremo Tribunal Federal o direito de não responder a perguntas que pudessem incriminá-lo, mas irritou senadores ao se calar diante de dúvidas protocolares. Durante a intervenção de Eduardo Girão (Podemos-CE), a viagem aos Estados Unidos veio à tona.
O depoente se manteve em silêncio quando questionado sobre o objetivo da viagem e as pessoas que o acompanharam. Ele não confirmou ou negou a informação de que teve a companhia de um senador. Girão, então, sugeriu que a ida a Las Vegas poderia ser parte de uma tentativa de impulsionar um projeto de lei para liberar os resorts integrados no Brasil.
Girão disse ter obtido informações da Polícia Federal que confirmam o embarque de Trento no voo com destino a Las Vegas em 23 de janeiro do ano passado. O retorno ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, ocorreu quatro dias depois, em 27 de janeiro. Na comitiva, afirmou o senador, estava o então presidente da Embratur e hoje ministro do Turismo, Gilson Machado.
Ante a negativa de Trento em fornecer detalhes sobre a viagem, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), declarou que a postura do depoente conduz “à dedução de que essa viagem teve indícios de crime ou foi criminosa”. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) avaliou que a conduta de Trento, acompanhado na oitiva por advogados, é “um caso raro de delação ou confirmação de possível envolvimento com crime com assessoria jurídica”.
Ao ler para a comissão o documento apresentado por Girão, Randolfe informou que Flávio Bolsonaro requisitou uma viagem a Las Vegas “que ocorreria entre os dias 23 e 24 de janeiro”. O pedido foi acolhido pelo então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Os custos foram pagos pela Casa.
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