‘Será entre a figura e eu’: Lula reforça aposta em nacionalizar eleição de São Paulo e mira Bolsonaro

O presidente é o principal cabo eleitoral de Guilherme Boulos (PSOL), enquanto o ex-capitão estará com Ricardo Nunes (MDB)

O presidente Lula durante entrevista à rádio Metrópole em 23 de janeiro de 2024. Foto: Ricardo Stuckert/PR

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O presidente Lula (PT) não hesitou nas últimas semanas em nacionalizar a eleição para a prefeitura de São Paulo em 2024. Principal cabo eleitoral de Guilherme Boulos (PSOL), o petista terá pela frente uma aliança entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Na capital de São Paulo é uma coisa muito especial. Uma confrontação direta entre o ex-presidente e o atual presidente, é entre eu e a figura“, disse Lula, nesta terça-feira 23, em entrevista à rádio Metrópole da Bahia. “A disputa é entre um governo que coloca o povo em primeiro lugar, para tentar resolver os problemas dele, e o governo das fake news, do desastre, que não acredita nas coisas normais que a humanidade tem que acreditar. Vai ser essa disputa que vai se dar.”

Nunes reagiu horas depois, em entrevista à CNN Brasil. “Ele [Lula] vai deixar de ser presidente para ser prefeito? Aqui em São Paulo não é ringue, aqui a preocupação é cuidar da cidade”, alegou o prefeito.

Lula articulou o retorno da ex-prefeita Marta Suplicy ao PT para assumir a vice de Boulos, na tentativa de tornar a chapa mais competitiva em regiões periférias da capital. Do outro lado, Nunes contou nos últimos dias com uma participação efetiva do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e ainda aguarda um desembarque mais entusiasmado de Bolsonaro na pré-campanha.

A “senha” para nacionalizar o pleito de 2024 veio em 8 de dezembro, durante uma conferência do PT. Na ocasião, Lula afirmou que “essa eleição será outra vez Lula e Bolsonaro disputando nos municípios”.

“Vocês sabem que não pode aceitar provocação, não pode ficar com medo, não pode ficar com vergonha, não pode enfiar o rabo no meio das pernas”, disse o petista no evento. “Vamos fazer as eleições mais competitivas, mas a gente não terá medo de ninguém. O único medo que a gente tem de ter é o de trair a expectativa que o povo brasileiro tem no PT e nos nossos aliados.”


Nesta terça, uma pesquisa CNT/MDA indicou que Lula é um cabo eleitoral mais influente que Bolsonaro para as disputas municipais: 33,5% dos entrevistados responderam que têm mais chance de votar em um candidato a prefeito apoiado pelo presidente ou apoiador dele. No caso de Bolsonaro, o índice é de 15,7%.

Outros 11% afirmaram que pretendem votar em um candidato contra Lula e Bolsonaro, enquanto 33% se disseram indiferentes e 6% não souberam avaliar.

Uma pesquisa Atlas Intel divulgada em 1º de janeiro apontou que Boulos lidera a disputa pela prefeitura de São Paulo com 29,5% das intenções de voto. Na sequência, Nunes marca 18%, tecnicamente empatado com Ricardo Salles (PL), com 17,6%.

Em seguida, aparecem Tabata Amaral (PSB) – apoiada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) – e Kim Kataguiri (União), com 6,2% e 5,3%, respectivamente. Outros 14,1% não sabem ou não responderam, enquanto 8% disseram que votarão em branco ou anularão o voto.

Em mais um capítulo da nacionalização da disputa em São Paulo, Alckmin disse na semana passada que será “uma honra” endossar a candidatura de Tabata. Apesar de ele e Lula estarem em palanques diferentes na eleição, o vice declarou, porém, não haver “razão para briga”.

“Política é ética. Não há politica sem ética e civilidade. Todo mundo quer o bem comum. Os caminhos são diferentes. Um por aqui, outro por lá. Não há razão para ter briga”, argumentou. “É natural que os partidos, no primeiro turno, tendo candidatos, coloquem à disposição do eleitorado.”

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