Sócio da VTClog diz que contrato com governo teve aditivo por aumento de demanda

O Departamento de Logística da Saúde autorizou um aditivo em um contrato num valor 1.800% maior que o recomendado

Foto: Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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Com suspeitas de superfaturamento da empresa VTClog em seus contratos com o Ministério da Saúde, a abertura da reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid foi dedicada a questionar o sócio da empresa Raimundo Nonato Brasil sobre os contratos da companhia com o Poder Executivo. Nonato negou que sócios da empresa se envolvam em negociações com governo e declarou que o contrato da empresa com a Saúde sofreu aditivo de 80 milhões “por conta do aumento da demanda na pandemia”.

“Teve um aditivo de R$ 80 milhões, que é 25%, pelo aumento da demanda e foi a própria instituição, o Ministério da Saúde, que pediu”, disse o depoente.

 

 

De acordo com reportagem da TV Globo, o Departamento de Logística do Ministério da Saúde, que era comandado por Roberto Ferreira Dias, autorizou um aditivo em um contrato de transporte e armazenagem com a VTCLog num valor 1.800% maior que o recomendado em parecer técnico da pasta. Em setembro, o ministro Benjamin Zymler do Tribunal de Contas da União (TCU) determinou ao Ministério da Saúde a suspensão de um aditivo contratual da VTCLog. Zymler decretou que a pasta não faça nenhum pagamento relacionado à manipulação de insumos médicos enquanto o caso não for analisado pelo tribunal.


Nonato também foi questionado sobre quase R$ 400 milhões em contratos sem licitação com a VTCLog fechados antes da pandemia, entre 2017 e 2018. De acordo com o empresário, o governo tentou contratar os Correios para realizar os trabalhos logísticos da pasta, mas, a negociação teria sido barrada pelo TCU. Segundo Nonato, a empresa tinha toda a documentação legal para realizar o trabalho, e após uma “ampla pesquisa”, o Ministério da Saúde entendeu que a VTCLog teria condições de manter o trabalho com a pasta.

Durante sua fala inicial na abertura da reunião desta terça-feira, Nonato ressaltou o trabalho da empresa durante a pandemia e afirmou que todos os contratos mantidos entre a VTCLog e o poder público estão sob controle de autoridades internas, do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União.

Na esteira de elogios à empresa da qual é sócio, Nonato defendeu que mais de 300 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 foram distribuídas pela VTCLog, além de outros insumos durante a pandemia, como máscaras, álcool em gel, respiradores, cilindros e Equipamento de Proteção Individual (EPI).

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