Economia

Stuhlberger diz que governo Lula aumentaria a inflação; Pochmann vê ‘terrorismo eleitoral’

O gestor do Fundo Verde disse não ver ‘mais o Brasil, em nenhuma hipótese, com o governo do PT, voltando a níveis de inflação de 3%’

O ex-presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert
Apoie Siga-nos no

O empresário Luis Stuhlberger, sócio-fundador e presidente da Verde Asset Management, voltou a fazer previsões sobre a possível volta de Lula (PT) à Presidência da República.

Embora o petista sequer tenha apresentado as diretrizes de seu programa econômico, o investidor responsável por uma gestora que soma 50 bilhões de reais em ativos declarou que uma 3ª passagem de Lula pelo Palácio do Planalto geraria uma pressão inflacionária persistente.

Em um evento do banco Credit Suisse na segunda-feira 1º, Stuhlberger disse não ver “mais o Brasil, em nenhuma hipótese, com o governo do PT, voltando a níveis de inflação de 3%, 3,5%, como era”. Ele estimou que a inflação, em uma nova gestão petista, estaria mais próxima de 5%.

O investidor ainda tentou ligar Lula ao presidente Jair Bolsonaro ao afirmar que “certas políticas da extrema-direita são muito parecidas com as da extrema-esquerda”. Não houve menção, por exemplo, à preferência de Lula pelo ex-tucano Geraldo Alckmin como seu companheiro de chapa.

A CartaCapital, o economista Marcio Pochmann, ex-presidente da Fundação Perseu Abramo e do Ipea e professor titular da Unicamp, criticou as afirmações de Stuhlberger, avaliadas como parte de uma estratégia de “terrorismo”.

“Na realidade, o Brasil vive um choque de custos, em que a própria elevação da taxa de juros aumenta os custos para qualquer tomador de dinheiro, especialmente para o setor produtivo e as famílias que já estão muito endividadas”, explicou Pochmann.

Para o economista, a inflação no País “expressa as opções que o atual governo tem feito do ponto de vista da formação dos macropreços e, nesse sentido, o que o governo vem fazendo é a antítese do que foi feito no passado, especialmente nos governos do presidente Lula”.

Assim, Stulhberger, ao não embasar suas projeções em fatos, cai no “terrorismo econômico e eleitoral, porque as razões da inflação que vivemos hoje não estão vinculadas a uma pressão de demanda”.

“Eu espero que não seja algo que a gente já viu nas eleições de 2002”, acrescenta Pochmann. “É fundamental haver um debate público a respeito das questões colocadas, que são desafiadoras para o Brasil, mas a um bom economista não cabe emitir juízos de valor, e sim oferecer razões técnicas e empíricas para justificar o seu argumento”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo