Política
Tatto e PT resistem à pressão por apoio a Boulos em São Paulo
Artistas, intelectuais e alguns petistas defendem aliança com o PSOL; aliados do candidato descartam a possibilidade
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2020/11/boulos.jpg)
Apesar da pressão para apoiar a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), é improvável que Jilmar Tatto (PT) peça a seus eleitores para votar 50, e não 13.
Ontem, a presidente Gleisi Hoffmann se reuniu Tatto e Luiz Marinho, dirigente paulista do partido para avaliar a possibilidade.
“Foi uma sondagem, não passou disso”, disse reservadamente a CartaCapital um interlocutor. Outro petista avalia que, se a intenção fosse mesmo pressioná-los, mais dirigentes nacionais teriam participado do encontro. “Lula quando quer alguma coisa liga, não manda recado.”
Ontem estive conversando sim com Jilmar Tatto e Luiz Marinho, o que tenho feito em todos os Estados, avaliando a situação eleitoral das capitais. A campanha segue firme nesta reta final. É 13
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 11, 2020
Na terça 10, artistas e intelectuais divulgaram um manifesto em favor do apoio da esquerda a Boulos em São Paulo e a Benedita no Rio de Janeiro. Petistas da alta cúpula, especialmente no Rio, também defendem a ideia.
Apesar do desempenho modesto nas pesquisas — 6%, segundo o Ibope, aliados de Tatto avaliam que ainda há chances de chegar aos dois dígitos, o que o colocaria entre os postulantes ao segundo turno.
Além disso, os números mostram que a transferência de votos para o PSOL não é automática — parte considerável dos eleitores de Tatto votariam em Russomanno ou Bruno Covas.
“Esse pessoal escolheu um caminho equivocado de militância. Eles deveriam ir atrás dos indecisos. Não podemos deixá-los para o Covas e o Russomanno”, critica o deputado estadual José Américo Dias.
O tucano, aliás, tem crescido com consistência acima da margem de erro, e tem boas chances de faturar a disputa ainda em primeiro turno.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.