Transição conclui que 112 armas legais são desviadas por mês sob Bolsonaro

Os dados são do Exército e constam do relatório produzido pelo grupo e entregue ao vice-governador eleito Geraldo Alckmin

Foto: Arquivo/EBC

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O GT de Justiça e Segurança Pública concluiu, com base em dados do Exército, que, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), cerca de 112 armas legais foram desviadas por mês. Os números constam do relatório produzido pelo grupo de trabalho da transição, entregue nesta quarta-feira 30 ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

O documento afirma, no entanto, que o cálculo pode esconder um ‘diagnóstico real do que está acontecendo’, já que há um risco de subnotificação em razão da ‘falha na fiscalização’ das armas no país. A principal preocupação, segundo o advogado Marco Aurélio de Carvalho, que coordena o GT, é em relação ao caçadores, atiradores e colecionadores.

“Para você ter uma ideia, apenas 2,7% deles foram fiscalizados. E, ainda assim, o Exército chegou a esse dado de 112 armas desviadas por mês, número que, portanto, pode ser muito maior”, diz.

Os CACs foram beneficiados pelas medidas de flexibilização do armamento adotadas durante a gestão Bolsonaro. Com a mudança nas regras de acesso à posse e ao porte de armas, eles passaram a ter permissão para carregar armamento no trajeto entre a residência e o local de prática.

Sob o governo do ex-capitão, cada CAC pôde adquirir até 15 fuzis e 6 mil munições por ano, ampliando os arsenais de civis tanto em quantidade quanto em calibre. Ao mesmo tempo, os clubes de tiro se proliferaram pelo Brasil e mostraram sua influência política e financeira, sendo um dos principais financiadores de protestos pró-armas realizados nos últimos quatro anos.

Entres as propostas contidas no relatório do GT está a criação de uma política de incentivo à devolução voluntária de armas e a proibição da venda de fuzis aos CACs, que passou a ser autorizada em 2019 por meio de uma portaria assinada pelo atual presidente.


As medidas propostas, no entanto, ainda precisam passar pelo crivo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que decidirá se as adotará durante os primeiros cem dias de governo.

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