Saúde

Após uso do Kit Covid, três pessoas morrem, diz jornal

Com o ‘tratamento precoce’, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, pacientes foram para fila de transplante de fígado

Hidroxicloroquina. Foto: AFP. hidroxicloroquina. Foto: AFP.
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O ‘tratamento precoce’ contra a Covid-19 defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, que reúne medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença, levou cinco pacientes à fila do transplante de fígado em São Paulo. A medicação é apontada como causa de ao menos três mortes por hepatite.

Segundo reportagem do jornal Estado de S. Paulo nesta terça-feira 23, hemorragias, insuficiência renal e arritmias também foram observadas entre pessoas que fizeram uso desses fármacos, que incluem hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e anticoagulantes.

Os medicamentos tiveram um aumento de vendas exponencial durante a pandemia. A ivermectina, por exemplo, subiu 557% em 2020 em comparação com 2019, sendo dezembro o mês recordista de vendas da droga.

O remédio, indicado para tratar sarna e piolho, não teve sua eficácia contra a Covid comprovada. Seu uso contra o coronavírus foi desaconselhado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e pelo próprio fabricante do produto, a Merck.

Além de duas mortes de pacientes do HC-USP, um óbito por doença hepática aguda foi registrado em uma unidade particular de Porto Alegre. Todos eles fizeram o uso dos medicamentos do ‘tratamento precoce’.

Os pacientes que estão na fila do transplante de fígado também utilizaram os medicamentos do ‘tratamento precoce’.  Todos eles haviam tido, semanas antes, diagnóstico de Covid.

“Quando fazemos os exames no fígado, vemos lesões compatíveis com hepatite medicamentosa. Vemos que esses remédios destruíram os dutos biliares, que é por onde a bile passa para ser eliminada no intestino”, explicou ao Estadão Luiz Carneiro D’Albuquerque, chefe de transplantes de órgãos abdominais do HC-USP e professor da universidade.

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