Saúde

Cidades majoritariamente bolsonaristas tiveram piores taxas de mortalidade devido a Covid-19, aponta estudo

Publicado no ‘Lancet’, o estudo levou em consideração fatores políticos e socioeconômicos dos municípios. Os dados abarcam de fevereiro de 2020 a junho de 2021

Foto: EVARISTO SÁ/AFP
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Um estudo publicado na revista científica The Lancet concluiu que cidades e municípios onde há mais eleitores do presidente Jair Bolsonaro foram as que apresentaram as piores taxas de mortalidade por Covid-19, em sua segunda onda, que teve início em 2021.

As conclusões apontam que o resultado se confirma mesmo considerando as desigualdades estruturais entre as cidades.

“Os efeitos negativos do partidarismo à direita nos resultados da COVID-19 contrabalançam índices socioeconômicos favoráveis em cidades brasileiras ricas. Nossos resultados ressaltam a fragilidade das políticas públicas de saúde que foram prejudicadas pelo negacionismo científico dos partidários da direita no Brasil”, afirma trecho da publicação.

O estudo, feito por cientistas da Fiocruz e da Universidade de Brasília, aponta que apesar da desigualdade de renda e de infraestrutura de saúde representarem o principal critério para maiores taxas de mortalidade em decorrência do coronavírus, outro fator também faz incidir nas altas taxas: a escolha partidária dos municípios.

“Ou seja, municípios que escolheram Bolsonaro como presidente do país apresentaram taxas de mortalidade por Covid-19 intensificadas na segunda onda”, concluem os cientistas.

Segundo o artigo, o comportamento do presidente no enfrentamento à pandemia, se recusando a apoiar as medidas de distanciamento e uso de máscaras, além da promoção do tratamento precoce, sem nenhuma comprovação científica, impulsionou o comportamento de seus eleitores.

Falas e atitudes do ex-capitão durante este período induziram o “comportamento de risco das pessoas alinhadas ao pensamento do presidente Bolsonaro, expondo-as à Covid-19 e resultando em maior taxa de mortalidade”.

Para os cientistas, o posicionamento político alinhado ao negacionismo presidencial explica as altas taxas de mortalidade em municípios com melhores conduções de estrutura para lidar com a pandemia.

“A descentralização das decisões ao longo de 2021, a insistência no uso de terapias não comprovadas cientificamente como a cloroquina e a hidroxicloroquina (parte do ‘kit COVID’) e a livre disseminação de informações errôneas ou falsas sobre a doença podem explicar essas diferenças na dinâmica da pandemia”, conclui o estudo.

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