Distanciamento social pode ser necessário até 2022, diz estudo

Pesquisa publicada na revista Science projeta ondas pós-pandêmicas se não houver vacina

Homem caminha em uma rua de Massachusetts, nos Estados Unidos, um dos países mais afetados pelo coronavírus. Foto: Joseph Prezioso/AFP

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Um estudo assinado por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, avalia que o distanciamento social prolongado ou intermitente pode ser necessário até 2022. A projeção foi publicada nesta terça-feira 14, pela revista especializada Science.

A equipe de pesquisadores usou dados sobre o Sars-Cov-2 para entender como o novo vírus deve persistir na população humana após a etapa inicial da pandemia.

Segundo os estudiosos, a dinâmica de transmissão pandêmica e pós-pandêmica vai depender de fatores como, por exemplo, o grau de imunidade que as pessoas desenvolverem em relação à doença e a intensidade das medidas de controle.

O grupo prevê a recorrência de surtos do Sars-Cov-2 no inverno após a onda mais grave da pandemia. Por isso, mesmo no caso de eliminação aparente, a vigilância sobre a doença deve ser mantida, pois um ressurgimento do contágio pode ocorrer até 2024.

O estudo lembra que muitos países adotaram medidas de distanciamento social, e alguns, como a China, estão gradualmente levantando as restrições após obter maior controle da proliferação da doença.


Segundo os pesquisadores, após a disseminação generalizada, o Sars-Cov-2 pode seguir o seu parente genético mais próximo, também da família Sars, e ser erradicado por medidas intensivas de saúde pública.

No entanto, autoridades de saúde pública consideram esse cenário improvável. Uma projeção alternativa é de que a transmissão do vírus se assemelhe à da gripe pandêmica, circulando sazonalmente após causar uma onda global inicial.

O conjunto de especialistas é liderado por Marc Lipsitch, do Departamento de Epidemiologia de Harvard.

As projeções do estudo foram repercutidas pelo doutor em Microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP), Atila Iamarino. Em sua rede social, o especialista considerou as conclusões “tensas” e escreveu que o tamanho do surto agora dita o problema nos próximos anos.

“Covid-19 é um problema sério que vai durar. Só se resolve mais rápido com vacina, tratamento novo e aumento de capacidade de saúde. O tamanho do surto agora no começo dita o problema nos próximos anos. Distanciamento agora é fundamental para o futuro”, comentou.

 

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