Os lotes de hidroxicloroquina doados ao governo de Jair Bolsonaro por Donald Trump, então presidente dos Estados Unidos, estão encalhados no Brasil.
3 milhões de comprimidos chegaram ao País em junho de 2020, mas menos de 1 milhão de unidades foram utilizadas contra a Covid-19. O medicamento, comprovadamente ineficaz no combate ao novo coronavírus, virou uma obsessão de Bolsonaro e de bolsonaristas.
O jornal Folha de S.Paulo informa neste domingo 6 que há 745 mil doses do remédio paradas no Exército. Do total recebido pela força, 255 mil foram distribuídas a hospitais militares.
O Ministério da Saúde recebeu 2 milhões de doses de Trump e mandou cerca de 600 mil comprimidos para municípios. 1,4 milhão de unidades foram destinadas ao combate a doenças previstas na bula.
Enquanto isso, segue a tentativa de especialistas de encerrar definitivamente a discussão sobre o inexistente “tratamento precoce”. Nos últimos dias, um grupo de médicos liderado pelo pneumologista Carlos Carvalho, professor da USP, protocolou no Ministério da Saúde um recurso em que solicita a revogação da portaria que rejeitou o protocolo contra o uso do “kit Covid”.
O documento, endossado pela Associação Médica Brasileira, também pede a publicação do protocolo redigido pelo mesmo grupo e aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, que traz orientações sobre o tratamento da Covid-19, com base nas melhores evidências científicas disponíveis.
Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes, afirmou que a insistência no uso do “kit Covid” em 2022 é absurda.
“Em março de 2020, esse documento [do Ministério da Saúde] poderia ser aceito e fazer sentido. Não havia nenhum tratamento disponível para Covid-19 e ainda não havia evidências se os medicamentos do ‘kit Covid’ funcionavam. Hoje o cenário é muito diferente. É absurdo insistir nisso. Essa discussão continua só no Brasil e é até motivo de chacota em outros países”, criticou.
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