Vacina da Pfizer não causou morte de adolescente, diz governo de SP após investigação

Jovem de 16 anos sofria de uma doença autoimune rara e grave, segundo a Secretaria da Saúde paulista

Vacina da Pfizer é aplicada em hospital na Alemanha. Foto: Ina Fassbender/AFP

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Após investigação conduzida por 70 especialistas, a Secretaria da Saúde do estado de São Paulo informou, nesta sexta-feira 17, que não é possível apontar a vacina da Pfizer como causa da morte de uma adolescente de 16 anos. A jovem sofria de uma doença autoimune “rara e grave”.

 

 

O Ministério da Saúde, sob o comando de Marcelo Queiroga, mencionou a morte ao recomendar a interrupção da vacinação de adolescentes sem comorbidades. Na quinta-feira 16, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária disse que estava investigando o episódio, mas ressaltou que, no momento, “não há uma relação causal definida entre este fato e a administração da vacina”.

“As análises técnicas indicam que não é a vacina a causa provável do óbito e sim a doença identificada com base no quadro clínico e em exames complementares, denominada Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PPT)”, diz em nota o governo paulista. A adolescente morreu em São Bernardo do Campo, no ABC, sete dias depois de receber o imunizante.


Segundo a secretaria, participaram da investigação especialistas em Hematologia, Cardiologia, infectologia e outros que atuam nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais do estado. Também contribuíram representantes dos municípios de São Bernardo do Campo, Santo André e São Paulo, além do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde.

A gestão paulista ainda informou que a análise “foi feita de forma conjunta por 70 profissionais reunidos pela Coordenadoria de Controle de Doenças e do Centro de Vigilância Epidemiológica”.

“As vacinas em uso no País são seguras, mas eventos adversos pós-vacinação podem acontecer. Na maioria das vezes, são coincidentes, sem relação causal com a vacinação. Quando acontecem, precisam ser cuidadosamente avaliados”, explica Eder Gatti, um dos coordenadores da investigação.

Ao recuar na vacinação de adolescentes, Queiroga criticou os estados já haviam iniciado a imunização do grupo.

“Temos compromisso com todos os brasileiros, em especial com os adolescentes, que são o futuro da Nação”, disse o ministro. Segundo ele, 3,5 milhões de jovens receberam vacina de “forma intempestiva”.

Ao rebater o ministro, o governo de São Paulo também recorreu ao termo “intempestivo”.

“O óbito da moradora de São Bernardo do Campo foi divulgado ontem de forma intempestiva pelo Ministério da Saúde em coletiva de imprensa. Os resultados da análise serão submetidos à Anvisa”.

 

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