Sociedade
74% dos brasileiros percebem o aumento de pessoas em situação de pobreza, aponta pesquisa
Em um cenário de crise econômica, fome e desemprego, 45% da população teve de recorrer a bicos para complementar a renda nos últimos 12 meses
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2020/10/pop-situaçãorua.jpg)
É perceptível para 74% da população brasileira o aumento de pessoas em situação de pobreza, em consequência do cenário de desemprego e fome nos últimos doze meses.
Quase metade dos brasileiros (47%) diz conhecer pessoas que têm dificuldade para comprar alimentos. Para 34%, é perceptível o aumento da população em situação de rua. 29% também afirmam perceber o crescimento no número de pessoas trabalhando nas ruas ou em semáforos, enquanto 17% notam a expansão de áreas ocupadas pela população desassistida. A percepção do avanço da pobreza e da fome é mais comum entre moradores de municípios com mais de 50 mil habitantes.
Os dados constam da pesquisa Cidades Sustentáveis: Desigualdades, divulgada nesta quarta-feira 10 e realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria, o Ipec, em parceria com o Instituto Cidades Sustentáveis.
O País dos ‘bicos’
O estudo também evidencia que 45% dos brasileiros, mais de 76 milhões de pessoas, tiveram de recorrer a atividades extras para complementar a renda. Os serviços gerais, como faxina, manutenção e marido de aluguel, foram as atividades mais procuradas (13%). A venda de alimentos aparece como a segunda atividade mais citada (8%), seguida da venda de roupas e de artigos usados (6%).
A necessidade é percebida em todas as regiões do País, com mais expressividade no Norte/Centro-Oeste, onde 48% da população faz algum tipo de “bico”. No Sul, 63% responderam que não precisaram recorrer a atividades extras.
A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 5 abril deste ano, em todo o território nacional, a partir de 2 mil entrevistas presenciais em 128 municípios, com pessoas acima dos 16 anos de idade. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2019/08/fila-emprego-agência-do-trabalhador-Foto-José-Cruz_Agência-Brasil-300x180.jpg)
IBGE: Taxa de desemprego no trimestre é a menor desde 2015
Por CartaCapital![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2022/01/Pobreza-1024x614-300x180.jpg)
Brasil tem 19 milhões de pessoas em condição de pobreza nas regiões metropolitanas, diz estudo
Por Marina Verenicz![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2022/08/Família-Minas-Gerais-300x180.png)
Menino de 11 anos liga para a Polícia e avisa que sua família está com fome
Por CartaCapital![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2022/08/Luiz-Inácio-Lula-da-Silva-Paraíba-300x180.png)
Lula: ‘A fome é falta de vergonha de quem governa o País’
Por Victor Ohana![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2022/07/Fila-da-Fome-300x180.png)