Serro, cravado na Serra do Espinhaço, era há 300 anos um ponto de parada no Caminho dos Diamantes pelo qual colonos e bandeirantes desbravaram a região. A cidade tem inúmeros atrativos históricos e ecológicos, mas nos últimos meses virou notícia por ser o palco de um embate entre a população de pouco mais de 20 mil habitantes e a Herculano Mineradora, que luta na Justiça pela licença de um polêmico projeto de extração de 300 mil toneladas anuais de minério de ferro no entorno ao longo de uma década.
A disputa não poupa nem as tradições religiosas. No afã de conquistar os moradores, a Herculano fez enorme pressão para patrocinar a tricentenária Festa de Nossa Senhora do Rosário, também conhecida nos tempos coloniais como Festa do Rosário dos Homens Pretos do Serro, momento de celebração da fé e do sincretismo religioso que ao longo de três séculos foram passados de geração em geração entre descendentes de portugueses, indígenas e africanos. Os festejos duram uma semana e o auge se dá na Festa do Rosário propriamente dita, no primeiro domingo de julho. Durante os preparativos, a mineradora escamoteou uma proposta de patrocínio sem consultar a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, responsável pela organização da festa, o que foi visto como tentativa de aliciamento.
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