Política
Bolsonaristas pedem corte de recursos para Vai-Vai após representação de policias como diabo em desfile
Parlamentares do PL protocolaram ofício para governador e prefeito de São Paulo; escola nega intenção de ataque ou provocação
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Dois deputados do PL, ligados à extrema-direita, protocolaram nesta terça-feira 13 um ofício pedindo que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), cortem o repasse de recursos públicos para a escola de samba Vai-Vai.
O pedido, assinado pelo deputado federal Capitão Augusto e pela deputada estadual Dani Alonso, ambos do PL, ocorre após a escola representar policiais militares de SP como demônios durante o desfile, realizado no último sábado 10, como parte da programação de Carnaval.
A escola trouxe a ala como parte das alegorias que homenageavam o grupo de rap Racionais MC’s. Com o enredo ‘Capitulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop – Um manifesto paulistano’ a Vai-Vai foi a primeira escola a desfilar no sambódromo do Anhembi neste ano.
“Foi com grande consternação que presenciamos a escola de samba em questão retratar, de forma deliberadamente ofensiva, os policiais militares e outros agentes de segurança como figuras demoníacas em uma de suas alegorias”, diz um trecho do ofício protocolado pelos bolsonaristas.
“Proponho que a escola de samba Vai-Vai seja proibida de receber qualquer forma de recurso público no próximo ano fiscal, como forma de sanção pela conduta irresponsável e ofensiva demonstrada”, prossegue então o documento, que ainda insinua uma ligação da escola de samba com o PCC, sem, neste caso, apresentar evidências da afirmação.
Em nota, a agremiação negou que a representação dos policiais como demônios tenha sido um ataque ou provocação contra a categoria. Segundo o comunicado, a ala era uma alegoria da situação vivida em São Paulo na década de 1990.
“A ala retratada no desfile de sábado, da escola de samba Vai-Vai, à luz da liberdade e ludicidade que o carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento”, justifica a escola no comunicado.
“Vale ressaltar que, neste recorte histórico da década de 90, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica. Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundos, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra época. O que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile”, conclui a Vai-Vai, em nota.
A representação, alvo dos bolsonaristas, também foi repudiada pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo. Sobre o pedido feito pelos parlamentares, as gestões de Tarcísio e Nunes ainda não se pronunciaram.
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