Mundo
Católicos transgênero podem ser batizados se o ato não provocar ‘escândalo’, diz Vaticano
O mesmo se aplica a qualquer pessoa que tenha passado por tratamento hormonal ou cirurgia de redesignação sexual, segundo documento
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2023/08/000_33QT3DP.jpg)
Os fiéis transgênero podem ser batizados na Igreja Católica se o ato não provocar “escândalo” ou “confusão”, afirmou o Vaticano nesta quarta-feira 8, em resposta à pergunta de um bispo brasileiro, esclarecendo um ponto sensível da doutrina.
O Dicastério para a Doutrina da Fé, que tem como missão promover e defender a fé católica, também não colocou objeções ao batismo dos filhos de casais do mesmo sexo, sejam adotados ou nascidos por gestação de substituição.
O Vaticano fez esses comentários em um documento em resposta às perguntas de José Negri, bispo da cidade de Santo Amaro, Bahia.
O texto, aprovado pelo Papa Francisco, é datado de 31 de outubro, mas só foi divulgado agora.
O pontífice tem insistido várias vezes que a Igreja deve se abrir a todos, inclusive aos cristãos LGBTQ. No entanto, deixou claro que considera a homossexualidade “um pecado, assim como qualquer ato sexual fora do casamento”.
O ensinamento católico define o casamento como a união entre um homem e uma mulher para ter filhos.
No documento, o Dicastério detalha que as pessoas trans “podem receber o batismo, nas mesmas condições dos outros fiéis, se não houver situações que possam gerar escândalo público ou desorientação entre os fiéis”.
O mesmo se aplica a qualquer pessoa que tenha passado por tratamento hormonal ou cirurgia de redesignação sexual, segundo o texto.
Sobre se um casal do mesmo sexo pode ser considerado como pais de uma criança que deve ser batizada, o Dicastério respondeu que só deve haver uma “esperança bem fundamentada” de que a criança seja educada na religião católica.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.