Coaches de misoginia

O Judiciário ainda não sabe como lidar com os chamados red pills, a semear o ódio contra as mulheres nas redes sociais

A agressividade quase nunca fica restrita às plataformas digitais – Imagem: Miguel Schincariol/AFP

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Há poucos dias, um autointitulado “coach de masculinidade” viralizou nas redes sociais com um vídeo, no qual ensina os homens a se portar diante de uma mulher. O influenciador Thiago Schutz, responsável pelos canais do “Movimento Red Pill Brasil”, conta que estava “tomando um Campari” e uma moça ofereceu-lhe uma cerveja. Ele prontamente recusou a oferta, porque, se aceitasse, estaria “se curvando” diante da mulher. Eis a primeira dica para manter a postura de macho alfa: recusar todo convite que soe como uma forma de a mulher tentar “colocar o homem abaixo dela”.

O episódio ganhou repercussão quando a atriz e produtora Lívia La Gatto fez um vídeo para ironizar o “ensinamento” e foi ameaçada de morte pelo “Calvo do Campari”, como ficou conhecido na internet, devido ao ridículo comportamento. Se ela não apagasse em 24 horas o conteúdo, que nem sequer citava o nome dele, a solução seria “processo ou bala”, advertiu Schutz em mensagem privada. O episódio serviu para expor uma crescente e preocupante tendência: a formação de clubes do Bolinha que usam fóruns ­online para propagar a misoginia e a violência contra as mulheres.

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