Sociedade

Em meio a denúncias de assédio, universidade portuguesa afasta Boaventura de Sousa Santos e assistente

O renomado sociólogo português e seu assistente é acusado por três ex-alunas em um artigo; ele nega

Apoie Siga-nos no

O Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em Portugal, comunicou a suspensão dos professores Boaventura Sousa Santos e Bruno Sena Martins da instituição após denúncias de assédio sexual feito por três ex-alunas.

Em uma artigo do livro Má Conduta Sexual na Academia, divulgado na semana passada, três pesquisadoras contam episódios de assédio sexual envolvendo dois docentes da universidade, sem citar nomes: o ‘professor-estrela’ e seu assistente, descrito como “o aprendiz”.

O artigo descreve cenas de abusos de poder contra “jovens pesquisadoras que dependem de aprovação acadêmica para construir suas carreiras”, “extrativismo intelectual e sexual” e “impunidade”.

Em meio à repercussão, o próprio Boaventura disse em entrevista se reconhecer na personagem do alegado assediador, mas negou as acusações e prometeu processar as autoras do texto.

Ele afirma que nunca teve contato com duas das ex-alunas que assinam o texto e que apenas encontrou a terceira autora em dois momentos, acompanhados de outros supervisores, para resolver problemas que ele atribui à suposta indisciplina de uma das signatárias, a pesquisadora Lieselotte Viaene.

Em meio à repercussão do artigo, uma das protagonistas dos casos narrados veio a público contar sua história. Trata-se da deputada brasileira Bella Gonçalves (PSOL).

Então bolsista do Ciência Sem Fronteiras, ela foi orientanda de Boaventura entre os anos de 2013 e 2014. Em entrevista à Agência Pública, ela detalhou sua denúncia de assédio contra o sociólogo.

“Um dia, ele pediu para marcar uma reunião no apartamento dele. Colocou a mão na minha perna”, relatou a parlamentar. “Falou que as pessoas próximas dele tinham muita vantagem e sugeriu que a gente aprofundasse a relação.”

Em nota, a Universidade de Coimbra reafirma seu “repúdio por qualquer forma de assédio ou abuso, e solidariza-se com todas as vítimas” de violência desta natureza.

Em outra nota divulgada após o comunicado da instituição, o sociólogo disse que se afastará das atividades para ‘garantir o andamento das investigações internas da universidade’.

[TRANSPARÊNCIA: Boaventura de Sousa Santos colabora, desde 2021, para a edição impressa de CartaCapital, seu último texto foi publicado em março deste ano, antes da eclosão das denúncias.]

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo