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Embaixatriz pede justiça após abordagem agressiva da PM do Rio ao filho

Policiais apontaram armas para filhos de três diplomatas estrangeiros, que estavam acompanhados de jovens brasileiros

Policiais desceram de viatura com armas em punho e abordaram os jovens - Imagem: Câmera de segurança
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A embaixatriz do Gabão no Brasil, Julie-Pascale Moudouté, disse que espera ação da Justiça brasileira depois que o filho dela e outros dois jovens negros, também filhos de diplomatas estrangeiros, foram vítimas de abordagem violenta por parte da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

“Como que você vai apontar armas para a cabeça de meninos de 13 anos, como que é isso? Mesmos nós adultos, você me aborda, você me pergunta primeiro. E depois você me diz porque você está me abordando”, disse Moudouté ao G1.

O episódio aconteceu na última terça-feira 3, e foi inicialmente divulgado pelo jornalista Guga Noblat. Além do filho da embaixatriz do Gabão, o grupo de jovens tinha filhos de diplomatas do Canadá e de Burkina Faso e dois brasileiros de pele clara. Todos com idades entre 13 e 14 anos.

Imagens de câmeras de segurança mostraram o momento em que uma viatura policial se aproxima dos adolescentes e os agentes descem, com armas em punho, e iniciam a abordagem. Os meninos foram levados para dentro da área cercada do prédio onde entravam.

“Você não sai com uma arma e me manda colocar a mão na parede. A gente confia na Justiça brasileira e a gente quer justiça, só isso”, disse a diplomata do Gabão.

Segundo a mãe de um dos jovens brasileiros envolvidos, a abordagem violenta ficou restrita aos meninos estrangeiros negros. Ela disse que os garotos foram obrigados a tirar os casacos e mostrar que não carregavam nada próximo da região genital.

Ainda de acordo com o relato, os meninos brasileiros, poupados da violência, disseram aos policiais que se tratavam de filhos de diplomatas estrangeiros e que não falavam português. Os policiais teriam orientado os meninos a não andarem na rua, pois poderiam sofrer nova abordagem.

Em nota enviada ao G1, a Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio afirmou que as imagens de câmeras corporais dos uniformes dos agentes serão analisadas para verificar eventuais excessos. A corporação disse ainda que os cursos de formação oferecidos aos agentes dão “prioridade absoluta” a disciplinas como Direitos Humanos, Ética e Direito Constitucional.

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