Por que o governo esperou até esta sexta para adiar o Concurso Nacional Unificado

Na noite de quinta, o Planalto chegou a confirmar a aplicação da prova. Ministro calculou em 50 milhões de reais o custo do adiamento

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

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O governo Lula (PT) decidiu nesta sexta-feira 3 adiar o Concurso Nacional Unificado, conhecido como “Enem dos Concursos”. A aplicação da prova estava marcada para o próximo domingo 5, em todo o Brasil. Não há uma nova data definida.

A decisão decorre da tragédia a se abater sobre o Rio Grande do Sul. Segundo a Defesa Civil do estado, há 37 mortos e 74 desaparecidos até a tarde desta sexta em decorrência de fortes chuvas.

“O cenário da região Sul foi se agravando a cada hora. O que percebemos é que há uma situação de agravamento sem precedentes”, disse a ministra da Gestão e da Inovação, Esther Dweck, na tarde desta sexta. “A conclusão é que seria impossível realizar a prova no Rio Grande do Sul, seja pelos locais de prova afetados, pela impossibilidade de segurança ou pelo risco de vida das pessoas envolvidas no processo.”

O objetivo, segundo Dweck, é garantir que todos os inscritos realizem a prova nas mesmas condições, com segurança jurídica.

Na noite de quinta, o governo federal chegou a confirmar a aplicação no próximo domingo e disse que se esforçaria para garantir a participação de todos os candidatos no Rio Grande do Sul.

Dweck explicou que o adiamento só foi formalizado nesta sexta porque até a véspera o governo mantinha a esperança de que seria possível realizar o concurso no domingo, inclusive nos municípios gaúchos.


“Existia uma insegurança sobre como estaria no domingo”, argumentou. “Hoje, com o agravamento da situação, a gente viu que era inviável. E a gente tinha sexta-feira como prazo para essa decisão.”

Já na manhã desta sexta, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta (PT), declarou que o adiamento custaria até 50 milhões de reais. “São mais de 2,5 milhões de inscritos em todo o País. A princípio, a ideia de suspender o concurso só para o Rio Grande do Sul, do ponto de vista jurídico, é muito questionável”, disse à Empresa Brasil de Comunicação.

A aplicação do Concurso Nacional Unificado ocorrerá em 228 municípios de todos os estados, mais o Distrito Federal. A primeira edição preenchecerá 6.640 vagas ofertadas por 21 órgãos federais. A prova terá questões objetivas específicas e dissertativas.

O concurso envolverá cerca de 215 mil funcionários em segurança, transporte e aplicação das diferentes provas do certame. O número representa, em média, 10% dos mais de 2,1 milhões de candidatos inscritos.

Na tarde desta sexta, o governo federal divulgou o termo de acordo sobre o adiamento do concurso. Assinam o documento:

  • Esther Dweck;
  • Leonardo Cardoso de Magalhães, defensor público-geral federal;
  • Marcelo Eugênio Feitosa Almeida, procurador-geral da União; e
  • Eduardo Cunha da Costa, procurador-geral do Rio Grande do Sul.

Leia o documento:

minuta acordo CNPU RS

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