Sociedade
Homem é assassinado após ser apontado como suspeito de crime por programa da Record
Em nota, produção do Cidade Alerta justificou que fez um apelo para que a população não fizesse justiça com as próprias mãos
Um homem foi assassinado com sete tiros depois de ter sido apontado como suspeito de um crime pelo programa Cidade Alerta, da TV Record.
Na segunda-feira 13, o programa veiculou uma reportagem sobre o assassinato da jovem Priscila Martins, 18 anos, em Salto, interior de São Paulo.
Em determinado momento, o apresentador Luiz Bacci informou que a Polícia já tinha um suspeito e exibiu uma foto borrada do homem.
“Ainda não temos autorização para mostrar sem esse borrão. Mas quem conhece esse homem já passa informações para a polícia. Quem é amigo desse homem sabe quem é”, disse o apresentador, que ainda acrescentou: “Por favor, não façam justiça com as próprias mãos. Até porque ele é investigado.”
“Sabe alguma coisa dele? Sabe onde mora? Não tome você alguma medida já procurando ele direto. Não se arrisque. Conte para a polícia”, emendou o apresentador.
No entanto, de acordo com o boletim de ocorrência, o filho da vítima declarou que após a reportagem moradores da comunidade estiveram na casa do suspeito e o chamaram para conversar.
Na sequência, foi levado para um local desconhecido. Ainda de acordo com o documento, os próprios autores do crime exibiram imagens do corpo do homem suspeito em aplicativos de mensagens e redes sociais.
Ao UOL, a Record enviou uma nota explicando o motivo pelo qual exibiu a imagem do suspeito durante o programa.
“O ‘Cidade Alerta’ tinha as informações sobre o nome e a foto do suspeito. Entre amigos, familiares, testemunhas e moradores da região de Salto, todos já sabiam quem era. Inclusive a investigação aponta que a pessoa era conhecida de Priscila Martins, que foi encontrada morta depois de ser torturada e o corpo queimado. O mesmo suspeito é apontado como envolvido em outros crimes. Diante da revolta que a informação causou na região, o ‘Cidade Alerta’ decidiu não identificar o suspeito e fez um apelo para quem soubesse o paradeiro do investigado que informasse a polícia e que ninguém tentasse fazer justiça com as próprias mãos.”.
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