OAB de Uberlândia exonera advogada após xenofobia contra nordestinos

Flávia Aparecida Rodrigues Moraes era vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada do órgão no município mineiro

A advogada Flávia Moraes se referiu a população da região nordeste como povo 'se alimenta de migalhas' — Foto: Reprodução

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A Ordem dos Advogados do Brasil em Uberlândia exonerou na última quinta-feira 6 a vice-presidente da Comissão da Mulher Advogada, Flávia Aparecida Rodrigues Moraes

A decisão do presidente do órgão, José Eduardo Batista, é uma reação a comentários xenofóbicos feitos pela advogada em um vídeo publicado nas redes sociais. 

Na gravação, Flávia diz que a população do Sul e do Sudeste gera renda e “não vai mais alimentar quem vive de migalhas”, referindo-se aos brasileiros do Nordeste. 

“Nós geramos empregos, nós pagamos impostos e sabe o que que a gente faz? A gente gasta o nosso dinheiro lá no Nordeste. Não vamos fazer isso mais. Vamos gastar dinheiro com quem realmente precisa, com quem realmente merece”, alegou. “Vamos gastar o nosso dinheiro aqui no Sudeste, no Sul ou fora do País, inclusive porque fica muito mais barato.”

“Apresentamos nossas sinceras desculpas ao povo nordestino e em especial à advocacia nordestina e à advocacia brasileira pelas manifestações ofensivas da referida advogada, postadas nas redes sociais”, declarou o presidente da OAB Uberlândia em nota.

O órgão, após pedidos de representação disciplinar protocolados por autoridades da região, determinou a abertura de processos éticos-disciplinares. “Não compactuamos com os lamentáveis fatos veiculados nas redes sociais, nem com as expressões usadas pela advogada.”

O presidente da OAB em Minas Gerais, Sérgio Leonardo, também se manifestou sobre o caso. 

“A OAB repudia de forma veemente as expressões utilizadas, que materializam preconceito e discriminação contra o povo nordestino. Caracteriza um tipo de xenofobia regional intolerável, inadmissível”, afirmou.

A Defensoria Pública de Minas Gerais ainda propôs uma ação civil pública contra a advogada e pediu indenização de 100 mil reais por danos morais.

Com a repercussão do vídeo, a advogada já havia pedido licença do cargo, antes mesmo da decisão da presidência. 

Ao G1, a assessoria de imprensa de Flávia Moraes argumentou que ela se arrepende da conduta, mas que o fato “não se encontra tipificado como crime em qualquer dispositivo legal vigente”.

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