O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Cláudio Aparecido, rebateu nesta quinta-feira 7, a declaração do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, de que não reconhece excesso policial nas operações da Baixada Santista.
Durante audiência na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta quarta-feira 6, Derrite disse que nenhum órgão correcional das polícias “recebeu qualquer denúncia, qualquer informação, qualquer relato oficial, de que houve abuso das forças policiais”.
A Ouvidoria rebate e diz que o “cenário é de massacre e crise humanitária”. Junto a outras entidades de direitos humanos, o órgão produziu um relatório a partir da coleta de depoimentos dos moradores que denunciam execuções sumárias, invasões de domicílio e violência nas interações dos policiais com a população.
“Não corresponde à verdade a declaração do Secretário, a qual só podemos atribuir um provável processo contínuo de inviabilização do trabalho desta Ouvidoria, que representa, neste cenário de massacre e crise humanitária, uma das poucas salvaguardas da institucionalidade dos direitos da população que se vê em confronto com uma segurança crescentemente ineficaz e violenta”, escreveu o ouvidor, em nota.
Na publicação, o ouvidor destacou que entre janeiro e o dia 7 de março, encaminhou 44 ofícios, endereçados à Corregedoria da Polícia Militar e outros órgãos de segurança e direitos humanos do Estado, solicitando imagens, laudos, boletins de ocorrência e elementos periciais, mas nunca obteve retorno.
A nova fase da Operação Escudo e a Operação Verão foram deflagrada no último dia 2 de fevereiro para reforçar o policiamento na Baixada Santista, após o assassinato do PM Samuel Wesley Cosmo.
Desde então, ao menos 20 mortes pela operação Escudo foram confirmadas pela Secretaria de Segurança Pública, e outros 38 óbitos da segunda operação.
O Ministério Público de São Paulo, por sua vez, fala em 57 mortes causadas pelas ações policiais. Em relação às ameaças de morte endereçadas por PMs ao ouvidor, conforme noticiou CartaCapital, apenas o Ministério Público respondeu.
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