População sob insegurança alimentar grave diminuiu em 8 milhões em 2023, aponta estudo

Trabalho do Instituto Fome Zero aponta políticas sociais como o Bolsa Família entre os fatores de mudança

Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Apoie Siga-nos no

Um estudo do Instituto Fome Zero identificou que 20 milhões de pessoas deixaram de sofrer de insegurança alimentar moderada ou grave entre o início de 2022 e o fim de 2023 no Brasil. Considerando apenas aquelas em situação grave, 13 milhões deixaram de passar fome no Brasil. Os dados representam uma redução de 30% na insegurança alimentar total.

Para chegar aos números, ainda preliminares, o estudo recorreu a microdados trimestrais aferidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, comparando o primeiro trimestre de 2022 ao quarto trimestre daquele ano e, posteriormente, ao quarto trimestre de 2023.

Os dados mostram que a população sob insegurança alimentar grave caiu de 33 milhões no início de 2022 para 28 milhões no fim daquele ano. Já no encerramento de 2023, o número de pessoas em insegurança grave chegou a 20 milhões – ou seja, oito milhões deixaram o grupo no primeiro ano do governo Lula (PT).

O levantamento destaca que no início de 2022 a sociedade brasileira vivia uma grave crise de insegurança alimentar e nutricional, com 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave e outras 32 milhões sob insegurança moderada. Portanto, 65 milhões de pessoas tinham restrições à alimentação adequada.

A mudança de cenário, com o início do governo Lula, ocorreu em meio à formatação de políticas estruturantes, entre elas a restauração do Bolsa Família e a fixação de um limite mínimo de repasse de 600 reais às famílias. Os pesquisadores também citam a expansão do Benefício de Prestação Continuada, o BPC, de 4,7 para 5,5 milhões de famílias no mesmo período.

O estudo aponta que, além do avanço na transferência de renda, são fatores determinantes para a mudança do quadro de insegurança alimentar a política econômica e a retomada dos empregos. “A taxa de desemprego, de mais de 13% em 2021 caiu para 7,8%, menor taxa desde 2015”, ressalta o estudo.


“A sinergia do crescimento dos valores das transferências sociais com o crescimento das rendas do trabalho deve estar propiciando uma elevação na segurança alimentar das famílias, uma vez que a insegurança alimentar no Brasil está intimamente ligada à carência de renda e a pobreza.”

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.