Sociedade

RS tem risco de desabamento na região serrana e avanço das águas no sul do estado

Quase 90% das cidades do estado foram atingidas pelas fortes chuvas

As consequências das enchentes no RS. Foto: Gustavo Ghisleni / AFP
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O fim de semana será de chuva na maior parte do Rio Grande do Sul e a previsão da semana que vem acende um novo alerta ao estado, que pode ter temperaturas mais baixas, em alguns casos próximas a zero grau. Há risco de desabamentos na região serrana onde as chuvas dificultam a busca por desaparecidos. O volume do lago Guaíba baixou, mas não se sabe como ele se comportará nos próximos dias já que deve chover de forma intensa pelo menos até segunda-feira (13). Na parte sul do estado, rios e lagoas avançam sobre ruas e casas.

Como há previsão de temporal em algumas áreas, as autoridades gaúchas foram questionadas sobre a possível suspensão de buscas por vítimas e pessoas ilhadas, diante do risco para as equipes de salvamento. A informação do governo estadual e das equipes federais é de que a situação será monitorada e que, em princípio, o trabalho deve prosseguir, inclusive no convencimento de quem ainda resiste a deixar a casa diante de alertas da defesa civil.

Na fase de reconstrução, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse que algumas áreas terão atenção especial e que não está descartada a transferência de localidades inteiras. “Teremos, a partir de dados, fotografias, satélites, um olhar específico sobre aquelas cidades que terão a necessidade de um planejamento excepcional de transferência de locais inteiros, o que vai envolver custo até para as necessidades de indenização e transferência para um novo lugar que deverá ser também urbanizado. Então, isso envolve um plano muito mais arrojado, que nós entendemos que é pertinente para algumas cidades, algumas localidades críticas.”

Em entrevista à imprensa, Leite foi perguntado se a tragédia climática vivida no estado poderia mudar rumos da política ambiental, uma vez que sua gestão é alvo de críticas por parte de ambientalistas, inclusive pela aprovação de mudanças legislativas vistas como afrouxamento nas regras e punições. O governador defendeu o texto votado em seu primeiro mandato e chegou a dizer que “nesse caso de construção de barragens em áreas de preservação não é um libera geral. É uma possibilidade para projetos de irrigação, mediante análise, e que pode servir também para conter a água.”

Arsenal de fake news

Em meio ao drama de tantas famílias, o país tem assistido à crueldade de quem desdenha da vida humana em meio a uma crise sem precedentes no estado e espalha um arsenal de mentiras nas redes sociais. Desde críticas às Forças Armadas e ao governo federal, que têm se apresentado desde o início como força de resgate e organização, até informações falsas envolvendo remédios e hospitais. Há também apuração sobre divulgação de números pix na internet por estelionatários atrás de doações.

Na sexta-feira (10) representantes do governo em Brasília se reuniram com grandes plataformas digitais como Google, Youtube, Meta, Tiktok, Linkedin, e pediram ajuda para combate essa chaga, especialmente quanto às informações envolvendo a crise gaúcha.

“Uma vez identificado o conteúdo falso, nós vamos apresentar imediatamente uma notificação às plataformas a partir de um canal próprio que vai ser criado para o atendimento a esta situação específica de calamidade pública do Rio Grande do Sul”, disse o advogado-geral da União, Jorge Messias.

A ideia, segundo ele, é que as plataformas deem uma resposta num prazo de 12 horas. “Essa é a nossa proposta inicial e vamos aguardar agora o retorno das plataformas. Em vez de atuarmos no varejo, nós vamos atuar no atacado. Toda vez que uma notícia falsa atrapalha com pista falsa, com informação inexata o trabalho dessas forças de segurança, isso é um desserviço ao trabalho do poder público, mas principalmente à população do Rio Grande do Sul”, criticou Messias.

R$ 187 milhões em recursos

A União cortou caminhos burocráticos para assegurar R$ 187 milhões a municípios do estado sem necessidade de apresentação de projeto pelas prefeituras. São recursos para atender situações emergenciais, como compra de água, comida e estrutura nos abrigos.

O governo federal diz que depois, com propostas analisadas e informações mais precisas de obras, entram recursos para ajudar na reconstrução. Uma reunião na segunda-feira vai discutir condições facilitadas para a dívida do Rio Grande do Sul com a União.

Balanço

Segundo o último boletim da Defesa Civil, ao menos 126 pessoas perderam a vida e outras 141 estão desaparecidas em consequência das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul. O balanço é da tarde de sexta-feira 10. O órgão contabiliza 756 feridos.

Há, também, 71.409 pessoas em abrigo e 339.928 desalojadas. Ao todo, a Defesa Civil registra 1.951.402 afetados pelas fortes chuvas, em um total de 441 municípios, o que representa quase 90% das cidades do estado.

Os dados indicam ainda que quase 71 mil pessoas foram resgatadas. Aproximadamente 10 mil animais também foram salvos das regiões atingidas.

As equipes de resgate contam com um efetivo de 27,2 mil pessoas, 3,4 mil viaturas, 41 aeronaves e 340 embarcações.

(Com informações de RFI)

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