Univaja pede mais diálogo com Brasília sobre a segurança na Amazônia

Com o caso de Dom e Bruno, representantes reforçaram a necessidade de atuar junto aos três poderes

Eliesio Marubo, em depoimento na audiência pública conjunta das comissões de Direitos Humanos (CDH) no Senado Federal - Foto: Pedro França/Agência Senado

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O procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o advogado Eliesio Marubo, reforçou o alerta de que a insegurança dos servidores da Funai, da imprensa e de ativistas da causa indígena não se resume ao caso de Bruno e Dom, e pediu auxílio em Brasília para que medidas efetivas de proteção sejam tomadas. 

Em coletiva de imprensa, na tarde desta quinta-feira 23, Marubo enumerou encontros da Unijava com a comissão formada por parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado, além da reunião com membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do compromisso com o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Marubo destacou também o interesse em estabelecer algum diálogo com o governo de Jair Bolsonaro. “Estamos abertos para diálogo […] se o poder executivo nomear um dos seus representantes dos seus órgãos para conversar conosco, certamente vamos conversar”, disse.

A delegação também relembrou a importância da atuação das Forças Armadas com a Funai e a Univaja em 2019 para a destruição de mais de 60 balsas de garimpo ilegal na Terra Indígena Vale do Javari.

“O Exército Brasileiro foi parceiro das nossas ações no passado, sempre tiveram inclusive em muitas ações com a Funai dando apoio operacional e logístico”, afirma. 

No entanto, nesse momento, a entidade denuncia a atuação da Funai e diz representar um caráter “anti-indígena”. Isto diante da postura com o trabalho da Equipe de Vigilância da Univaja (EVU) que monitora e coleta dados territoriais da região. 


“A Funai nesse primeiro momento teve perseguindo o trabalho da EVU, tentando criminalizar as lideranças, tentando criar atos e fatos administrativos que de alguma forma prejudicasse nosso trabalho e não conseguiram”, disse Marubo.

As tensões e fragilização de relação com a Funai já vem sendo denunciadas pela Univaja desde 2018. “As bases de fiscalização estão sem recursos humanos e financeiros para ações de fiscalização”, alertaram, à época, em nota

De acordo com a organização Indigenistas Associados (INA), que reúne funcionários da Funai, os postos da autarquia no Vale do Javari sofreram ao menos oito ataques desde 2018. 

“Eu tenho certeza absoluta que a Funai é inimiga dos povos indígenas, na medida que restringe a utilização do território para povos indígenas, ela está sendo anti-indígena. Na medida que a Funai coloca pessoas que militam e advogam dentro do serviço público contra os interesses indígenas, ela é anti-indígena”, desabafa. 

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