Problemas na linha de produção

Acusada de usar mão de obra infantil, a coreana Samsung nega a prática, mas confirma “exemplos inadequados”

Produtividade. Crianças e adolescentes compõem o milagre chinês. Foto: Reinhard Krausser/ Reuters/ LatinStock

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Em agosto a coreana Samsung foi acusada pela China Labor Watch, ONG chinesa de defesa dos direitos dos trabalhadores, de ter seus produtos fabricados por fornecedoras chinesas empregadoras de trabalhadores menores de idade em suas fábricas.

“Nossas pesquisas indicam que trabalhadores estudantis compõem cerca de 80% dos empregados da fábrica. Durante investigações subsequentes, nossos investigadores suspeitaram da existência de um número importante de crianças em outros departamentos, estimados entre 50 e 100 crianças nas linhas de produção”, afirma o relatório.

A ONG também encontrou indícios de punição física, quando há de erros na linha de montagem, falta de tratamento médico em caso de acidentes de trabalho e abuso de horas extras. Segundo o relatório, as condições de trabalho na HEG, fornecedora da Samsung, eram piores que as encontradas nas fornecedoras da Apple, alvo de tantos protestos.

              

Na segunda-feira 26, a Samsung mostrou o resultado de suas investigações sobre as acusações feitas pela China Labor Watch. A equipe de 121 auditores da empresa não encontrou indícios de trabalhadores menores de 18 anos de idade ao checar os registros do Departamento de Recursos Humanos da HEG ou ao inspecionar as linhas de produção. Comprovou, no entanto, “exemplos de práticas inadequadas nas fábricas”, como trabalhadores forçados a fazer muitas horas extras, casos de empregados com contratos irregulares ou indícios de multas aplicadas contra aqueles que chegavam atrasados ou faltassem alguns dias. A empresa comprometeu-se a corrigir os problemas até o fim de 2014.

A Samsung parece ter encontrado também outras práticas preocupantes. Entre as medidas anunciadas até o fim de 2012 estão ações corretivas como “treinamento adicional” para os gerentes das fábricas, principalmente sobre assédio sexual e abusos físico e verbal.


A nota da empresa não divulga a extensão dos problemas, se foram encontrados em todas as fábricas ou se foram somente casos isolados. De qualquer forma, a preocupação das grandes companhias com as práticas trabalhistas de suas fornecedoras chinesas é um avanço positivo.

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