Diálogos da Fé

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Para além da ponta do iceberg: enfrentando as raízes da violência contra mulheres

É preciso mais do que rechaçar as agressões, é preciso reconhecer que as vidas de meninas e mulheres importam

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No dia 25 de novembro iniciou-se mais uma Campanha de 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. A campanha mundial realizada em cerca de 160 países tem o intuito de alertar e denunciar as várias formas de violência que sofrem meninas e mulheres exclusivamente por sua condição enquanto gênero feminino. 

O Brasil aderiu a campanha desde 2003, desde lá organizações feministas e governos de municípios, estados e da União promovem ações para visibilizar e combater as diferentes formas de violência de gênero.

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Falar sobre violência é sempre doloroso, são muitas histórias assombrosas que nos vêm à memória, muitas vidas marcadas ou perdidas pelo absurdo dessa violência. Mas não queremos falar de cifras hoje. Queremos buscar algumas explicações. 

Relembremos um caso: uma menina de 12 anos é estuprada no banheiro do colégio onde estudava por outros três alunos. Um caso chocante que foi anunciado por diversos meios de comunicação como uma situação que não cabia debate, como afirmou a apresentadora do Jornal Nacional: “todo mundo é contra, todo mundo condena a violência contra uma criança”.

Mas será que é tão simples assim? 

De fato, o fenômeno aparente da violência contra meninas e mulheres é algo que a todos se apresenta como chocante e condenável, ainda assim ela continua acontecendo em números epidêmicos, e crescendo em muitos casos como é a violência contra mulheres negras, contra mulheres trans e travestis e assim como as ocorrências de estupro. Então, por quê? Se existe um consenso quanto ao seu despropósito, por que ainda estamos longe de sua erradicação? 

Infelizmente, para além do absurdo com a violência manifesta existe um lapso na percepção geral que exclui tanto as microviolências alojadas no cotidiano, quanto as macroviolências sistêmicas e institucionais. Vemos apenas a ponta de um gigantesco iceberg sem darmos conta da profundeza de suas causas.

A violência de gênero é um efeito e suas causas dizem respeito ao funcionamento do sistema patriarcal que, aliado ao modo de produção capitalista, exerce sua opressão sobre as mulheres por meio das instituições políticas, econômicas, jurídicas, religiosas, militares e culturais.

As religiões têm um papel fundamental na produção de universos simbólicos que promovem e legitimam essas violências. A imagem essencialista da mulher como destinada ao cuidado e à subserviência, excluída das decisões políticas e religiosas, da manipulação do sagrado e ocultada na compilação de narrativas bíblicas, alimenta a visão inferiorizada da mulher. Por trás de uma ideia de valorização da mulher a partir das características que “lhe são próprias” está a violência que limita suas possibilidades e também uma maneira mais eficaz de vulnerabilização.

Quando não reconhecido como sujeito de suas decisões, desejos e consciência, o  corpo feminino é entendido como território vazio que se pode apossar, usufruir, controlar, visão intrinsecamente ligada às diferentes formas de violência contra as mulheres e meninas, dentre elas a violência sexual. 

A própria negação do gênero enquanto uma categoria de análise útil e necessária para o entendimento das desigualdades e opressões sofridas pelas mulheres se constitui uma forma de violência.

É um ciclo vicioso no qual violências geram violências. Poderíamos citar inúmeras delas, mas não caberiam nos limites destas páginas. Queremos apenas deixar registrado que é preciso mais do que rechaçar a violência, é preciso reconhecer que as vidas de meninas e mulheres importam. É preciso reconhecer sua dignidade, autonomia, capacidades e sobretudo sua humanidade. E, por fim, que os icebergs profundos precisam ser percorridos e demolidos ou continuaremos perdendo muitas vidas sem nem saber com o que chocamos.

Neste sentido os 16 dias de ativismo servem para educar nossas mentes e nosso olhar para vermos para além dos efeitos visíveis, buscarmos entender as causas e agir sobre elas. Além de reiterar a importância da denúncia pelo número 180, deixamos aqui nosso convite para estamos juntas neste enfrentamento.

Programação:

São Paulo-SP:

Caminhada da Supervisão de Assistência Social Ermelino Matarazzo e Ponte Rasa

https://www.facebook.com/events/128203761207079/

16 Dias de Ativismo pela Não Violência contra a Mulher-PERUS:

https://www.facebook.com/events/610585872620347/

Limeira-SP

https://www.facebook.com/events/2061765210723631/ 

Praia Grande-SP

https://www.facebook.com/events/156122208331158/

Pelotas-RS:

https://www.facebook.com/events/348945645569964/

 São Leopoldo-RS

https://www.facebook.com/events/256064568256929/

 Eunápolis-BA:

https://www.facebook.com/events/351631025308073/

Imbituba-SC

https://www.facebook.com/events/863190137180355/

Belo Horizonte-MG

https://www.facebook.com/events/2023801517906951/

 Eunápolis-BA

https://www.facebook.com/events/351631025308073/

 

 

 

 

 

 

 

 

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