Política
“13º salário é mochila nas costas de todo empresário”, diz Mourão
Em palestra a comerciantes, vice de Bolsonaro ataca o que seriam “jabuticabas”: o salário extra e as férias remuneradas dos trabalhadores
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O general da reserva Hamilton Mourão, vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), classificou o direito dos trabalhadores ao 13º salário como “uma mochila nas costas de todo o empresário”. Em palestra no Clube dos Dirigentes Lojistas de Uruguaiana, no interior do Rio Grande do Sul, Mourão criticou o que seria uma “jabuticaba” da legislação trabalhista brasileira: “Se a gente arrecada 12 por que pagamos 13? É complicado”, disse. A fala está registrada em vídeo publicado no YouTube e revelado pelo Blog da Denise, no jornal Correio Braziliense.
Na mesma palestra, Mourão criticou outra “jabuticaba”, o direito ao adicional de férias. “É o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais. É uma visão dita social com o chapéu dos outros, não é com o chapéu do governo”, afirmou ao garantir, num eventual governo de sua chapa a ” implementação séria da reforma trabalhista”.
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Ao contrário do que afirma Mourão, o 13º salário não é uma excentricidade brasileira. Benefícios semelhantes são concedidos aos trabalhadores de países como Alemanha, México e Áustria. Em Portugal o chamado subsídio de Natal é exatamente como o brasileiro, um salário a mais pago em dezembro.
Ao defender a necessidade de uma reforma tributária, o vice de Bolsonaro lembrou da recente fala do economista da campanha, Paulo Guedes. Na semana passada, Guedes afirmou que pretende criar um imposto de renda único, com alíquota de 20% para todas as pessoas, sejam físicas ou jurídicas. Isso significa que, se a proposta for aprovada, o trabalhador que ganha 1.500 reais, o que ganha 8 mil reais ou o empresário que fatura 150 mil por mês pagarão o mesmo imposto de renda de 20%. Dias depois o próprio Bolsonaro desfez a fala ao dizer que a alíquota única valeria apenas para quem ganha mais cinco salários mínimos, cerca de 5 mil reais.
Mourão, no entanto, voltou a falar sobre alíquota única, sem distinguir faixas de renda. “A filosofia é uma só: temos que colocar todo mundo na base do imposto, todo mundo pagando, porque tem muita gente que não paga”.
Mourão defendeu também o fim das desonerações para setores produtivos, mas sugeriu o corte pela metade do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e um prazo de 60 dias para seu pagamento. “É um imposto pesado. Se a gente corta o IPI pela metade e dá 60 dias para pagar a gente começa a reorganizar as coisas. Nós tivemos 25 mil indústrias fechadas”, disse, citando recente encontro com dirigentes da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
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