Política

“Na situação em que se está, eu serei candidato”, diz Lula

Em entrevista, o ex-presidente Lula confirma seu nome para 2018, reafirma inocência e acusa Lava Jato de perseguição

Apoie Siga-nos no

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na noite de quarta-feira 26, pela primeira vez de forma direta e clara, que será candidato à Presidência da República em 2018. Em entrevista ao SBT, Lula rejeitou a possibilidade de ser impedido de se candidatar por eventuais condenações e fez propostas para o futuro. “Obviamente, na situação em que se está, eu serei candidato. E lhe direi mais: eu agora quero ser candidato. É importante. Eu agora quero ser candidato a presidente da República”, afirmou. 

De acordo com Lula, seu governos anteriores o habilitam a postular o Palácio do Planalto mais uma vez. “As pessoas sabem que eu já fiz, e as pessoas sabem que eu posso consertar este país. E, para começar a consertar este país, nós primeiro temos que fazer com que o povo volte a ter confiança nele próprio”, disse.

Em seguida, o ex-presidente atacou o atual mandatário. “Segundo, o governo precisa ter credibilidade, e para que haja credibilidade é preciso ter alguém que seja eleito democraticamente pelo povo. Então, eu digo para todo mundo: ‘Quer resolver o problema do país? Vamos incluir os pobres outra vez no orçamento’. Aí você tem que ter política de geração de emprego, de distribuição de renda, e não fazer o que estão fazendo: jogar a culpa da desgraça em cima do pobre outra vez. E todas as medidas que estão fazendo é para favorecer os ricos”, afirmou.

Lula voltou a se recusar a responder críticas feitas por João Doria Jr (PSDB), prefeito de São Paulo, cujo nome vem sendo ventilado como candidato ao Planalto, e afirmou que o agrado “da imprensa e de banqueiro” dá credibilidade. “Sinceramente, se alguém for candidato do banqueiro, é esse que eu quero enfrentar. É esse que eu quero enfrentar. Eu quero enfrentar um candidato do banqueiro que, ao mesmo tempo, seja candidato da Globo. Quero enfrentar”, afirmou.

Lula reafirma inocência

Na primeira parte da entrevista, Lula voltou a se defender de forma veemente das diversas acusações de corrupção de que é alvo. E mostrou confiança de que não vai ser condenado, o que o impediria de se candidatar caso o veredito fosse referendado por uma corte de segunda instância. “Primeiro, eu vou ter condições jurídicas de ser candidato, porque não há nenhuma razão jurídica para evitar que eu seja candidato. Aí seria melhor eles terem a coragem de dizer: ‘Vamos dar o segundo golpe neste país, e não vai ter eleições em 2018′”, afirmou.

Lula voltou a dizer que é alvo de perseguição por parte do Ministério Público Federal (“Faz três anos que sou massacrado 24 horas por dia”) e que o objetivo dos procuradores é impedir que ele dispute as eleições em 2018. Questionado sobre as acusações que sofre, o ex-presidente negou ser dono do tríplex no Guarujá (SP) e do sítio em Atibaia (SP), que seriam suas propriedades ocultas segundo os acusadores, e afirmou que jamais discutiu contribuições de campanha com empresários.

E lamentou o recente depoimento de Léo Pinheiro, ex-executivo da OAS, que o acusou de ordenar a destruição de provas de eventuais casos de corrupção. “O Léo deu um depoimento sem compromisso da verdade. Ele vem sendo pressionado a, em algum momento, citar meu nome. Aliás, de todo mundo que é preso, de todo mundo que é detido, a condição sine qua non para que os procuradores aceitem a delação é citar o meu nome”, afirmou Lula, acrescentando que Léo Pinheiro enfrenta uma condenação a 26 anos de prisão enquanto delatores estão “vivendo uma vida de nababo”.

Para Lula, a perseguição contra ele não vai acabar porque a Lava Jato se tornou “refém” da imprensa. “O grande problema da Lava Jato é que eles se subordinaram aos meios de comunicação para poder obter sucesso no que eles estão fazendo”, afirmou. “E esse negócio não pode acabar. Não pode acabar com as manchetes absolvendo o Lula”, disse. 

Lula também manifestou tranquilidade para o depoimento que prestará ao juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba. A oitiva foi transferida do dia 3 de maio para 10 de maio. “O SBT poderia fazer um favor pra mim: mandar uma carta para o Moro pedindo que o meu depoimento fosse aberto para a imprensa, para não ficar subordinado a um vazamento. Porque fica aquela câmera dele, filmando, e parece que ele é uma voz do além, perguntando para o coitadinho que está exposto lá”, disse.

“Já que é para vazar, vamos fazer um depoimento aberto. A Globo vai lá, vai cobrir. O SBT vai lá, vai a Bandeirantes, vai todo mundo cobrir, e ninguém esconde nada de ninguém. Aparece a cara do Moro, aparece a minha cara, aparece a cara dos procuradores. É isso que eu acho que seria importante”, disse.

Lula também afirmou que não vai reduzir a quantidade de testemunhas de defesa arroladas no processo. Foram 87 no total, número que provocou a indignação de Moro. Inicialmente, o juiz determinou que o ex-presidente fosse obrigado a acompanhar cada um dos testemunhos. Diante das críticas, recuou, dizendo que retiraria a ordem se a defesa concordasse em reduzir o número de testemunhas. Lula rechaçou a hipótese. “Pra mim não tem barganha. Se for necessário eu mudo para Curitiba”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.